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Força-tarefa resgata 66 'escravos' que conviviam com lixo, sem água, e usavam tijolos como travesseiros

Após apreensão em Paracatu, Minas Gerais, onde trabalhadores ainda tinham de pagar R$ 70 por alojamento, Condomínio de Empregadores Rurais Santa Maria teve atividade suspensa por auditores em fiscalização conjunta do Ministério Público do Trabalho (MPT), da superintendência Regional do Trabalho (SRT) e Polícia Rodoviária Federal (PRF)

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Por Luiz Vassallo
Atualização:

 Foto: Procuradoria-Geral do Trabalho

BELO HORIZONTE - Uma operação conjunta do Ministério Público do Trabalho (MPT), Superintendência Regional do Trabalho (SRT) e Polícia Rodoviária Federal (PRF) resgatou 66 pessoas em situação análoga à de escravo em Paracatu, na Região Noroeste de Minas Gerais. Segundo informações da força-tarefa que atuou no caso, esses trabalhadores estavam em um alojamento mantido pelo Condomínio de Empregadores Rurais Santa Maria, cujas condições eram precárias, além de outras irregularidades encontradas.

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As informações foram divulgadas pela Procuradoria-Geral do Trabalho.

Segundo o órgão, 'durante a inspeção no local, os procuradores do MPT que participaram da ação, Mateus de Oliveira Biondi e Sônia Toledo Gonçalves, e auditores fiscais do Trabalho constataram que trabalhadores exerceriam suas atividades na colheita de milho desprotegidos e sob risco de acidentes'.

"Nas frentes de trabalho, não havia local para refeição, abrigo contra chuva, sanitário e reposição de água potável. A força-tarefa também verificou péssimas condições nos alojamentos dos trabalhadores, além da ausência de fornecimento de roupa de cama, sendo que alguns trabalhadores utilizavam tijolos e pedaços de madeira com travesseiro, acúmulo de lixo, entre outros problemas", diz.

De acordo com a Procuradoria, 'houve também infrações quanto ao registro formal dos trabalhadores, à falta de depósito do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e controle de jornada, às condições em que o transporte para a colheita de milho era realizado'.

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Tráfico de pessoas

Os procuradores e auditores dão conta de que 'todos os resgatados foram aliciados para o trabalho por meio de "gatos", pessoas que intermediavam ilegalmente a contratação da mão de obra com a promessa de pagamento de diária de R$ 70 e oferta de bom alojamento'.

"Apuramos que muitos dos trabalhadores, insatisfeitos com as condições oferecidas, retornaram por conta própria para suas cidades de origem, muitas vezes com a ajuda de parentes", destaca relatório da força-tarefa. Os trabalhadores são de cidades do Norte de Minas, do Maranhão e Piauí", afirma.

"Os trabalhadores foram trazidos de diversas partes do país e ficavam no alojamento sem saber ao certo quando iriam trabalhar. Muitos deles ficavam vários dias sem trabalhar, já que não eram acionados pelo empregador, e nesses períodos não recebiam qualquer valor nem era fornecida alimentação a eles", acrescentou o procurador Mateus de Oliveira Biondi.

Em razão das irregularidades, o Condomínio de Empregadores Rurais Santa Maria teve as atividades suspensas pelos auditores fiscais, que também lavraram autos de infração contra o empregador. Além disso, os trabalhadores que saíram do Nordeste do país receberam R$ 500 para o custeio da passagem de volta e aqueles que moram na Região Norte de Minas tiveram um ônibus fretado.

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