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Foragido da Lava Jato 59 diz que se entrega nesta sexta à PF

Em email à Superintendência da Polícia Federal no Paraná, advogado afirma que Antonio Kanji, sob suspeita de ligação com esquema de propinas de R$ 22 milhões em contratos da Transpetro, 'tem total interesse em esclarecer os fatos investigados'

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Foto do author Luiz Vassallo
Por Luiz Vassallo e Ricardo Brandt
Atualização:

Reprodução de e-mail enviado à PF pela defesa de Kanji 

Considerado foragido pela Lava Jato, o executivo Antonio Kanji informou à Polícia Federal, por meio de sua defesa, que vai se entregar nesta sexta-feira, 1. Ele é alvo da 59.ª fase da Operação Lava Jato, denominada 'Quinto Ano' - a operação completa cinco anos em março - -, que mira supostas propinas de R$ 22 milhões de contratos da Trasnpetro firmados entre 2008 e 2014, e cujos valores chegam a R$ 682 milhões.

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"Conforme contato telefônico, informo que o sr Antonio Kanji concordou com sua apresentação amanhã, na parte da manhã, diretamente na Policia Federal de Curitiba-PR", afirma o advogado Rodrigo Serafim em e-mail à PF.

Segundo o advogado, o executivo 'tem total interesse em esclarecer os fatos investigados'.

"Como é de praxe em casos tais, suspenderemos as buscas pelo investigado e aguardamos sua apresentação em Curitiba/PR", respondeu a PF.

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A nova fase da Operação Lava Jato, deflagrada nesta quinta, 31, é embasada na delação do ex-presidente da Transpetro, o emedebista Sérgio Machado.

Ele afirma que o empresário da Estre Wilson Quintella - um dos presos da Lava Jato 59 - 'mencionara, em algumas oportunidades, que o responsável pela entrega de dinheiro no escritório em São Paulo era um "japonês de sua confiança" chamado 'Kanji', identificado como Antonio Kanji Hoshikawa'.

Antonio Kanji Hoshikawa foi funcionário da Estre Ambiental, vinculado a Wilson Quintella, no período de 2008 a 2015, ocupando distintos cargos.

Segundo a força-tarefa, 'em 29 de abril de 2016, Antonio Kanji constituiu a empresa Morais e Kanji Gestão Empresarial Ltda, no mesmo endereço onde eram realizadas as entregas de propinas, na Praça Antonio Prado, nº 33, conjunto 905, São Paulo/SP'.

"Meses depois, Antonio Kanji teria alterado o nome e a sede da empresa para Kanji Gestão Empresarial Ltda, na Rua Jesuino Arruda, nº 797, conjunto 32, Itaim Bibi, São Paulo/SP", afirmam os Procuradores.

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Os Procuradores ligam Kanji ao advogado Mauro de Morais, preso nesta quinta, 31, e apontado como responsável pela lavagem das supostas propinas.

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"Mauro de Morais efetuou três transferências bancárias no ano de 2011 em favor de conta titularizada por Antonio Kanji, no valor total de R$ 1.060.000,00. A justificativa apresentada pelo primeiro à Receita Federal foi a de que teria havido a compra de um imóvel no valor de R$ 1.580.000,00."

"A transação está sob análise, pois, segundo a Receita, a venda teria sido cancelada em 2016", afirma a Lava Jato.

As investigações têm como base a delação de Sérgio Machado, ex-presidente da Transpetro. O emedebista revelou que ajustou com Wilson Quintella o suposto pagamento de propinas de pelo menos 1% dos contratos firmados pelo Grupo Estre (Estre Ambiental, Pollydutos e Estaleiro Rio Tietê) com a estatal.

"O aprofundamento das investigações revelou que as propinas foram pagas por Wilson Quintella em espécie a Sérgio Machado e seus emissários, mediante sucessivas operações de lavagem de capitais que envolveram o escritório Mauro de Morais Sociedade de Advogados. A Receita Federal apurou que a banca advocatícia recebeu, entre 2011 e 2013, cerca de R$ 22,3 milhões de empresas do Grupo Estre, sem que tenha prestado efetivamente qualquer serviço", afirma o Ministério Público Federal.

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De acordo com a Procuradoria, a 'análise da movimentação financeira dos investigados demonstrou que, logo após a realização dos depósitos nas contas controladas por Mauro Morais, ocorriam saques fracionados em espécie como forma de burlar os controles do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf)'. "No período, o advogado foi responsável por sacar mais de R$ 9,5 milhões".

"Antonio Kanji teria ainda trabalhado na Companhia Paulista de Trens Metropolitanos, durante o período em que Mauro de Morais foi o seu Diretor Jurídico, entre 2004 e 2009", dizem os procuradores.

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