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Flávio Bolsonaro compra imóvel em Brasília por R$ 6 milhões com prestação de R$ 18 mil ao mês

Prestação deve consumir 70% do salário do senador, que em valores líquidos chega a R$ 24,9 mil

Por Anne Warth , Rafael Moraes Moura e BRASÍLIA
Atualização:

O senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ). Foto: Gabriela Biló/ Estadão

Denunciado por peculato, lavagem de dinheiro e organização criminosa, o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) e sua mulher, a dentista Fernanda Antunes Bolsonaro, compraram por cerca de R$ 6 milhões uma mansão em Brasília. A aquisição do imóvel luxuoso, perto do Lago Paranoá, foi revelada pelo site "O Antagonista" e confirmada pelo Estadão. Flávio e a mulher vivem sob o regime da comunhão parcial de bens.

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Conforme registrado no 1º Ofício de Registro de Imóveis do Distrito Federal, em 2 de fevereiro de 2021, a mansão foi comprada pelo preço de R$ 5,97 milhões. A nova casa do filho do presidente da República fica localizada no setor de Mansões Dom Bosco, no Lago Sul, bairro nobre da capital foi vendida em anúncio como "a melhor vista de Brasília da suíte máster". O senador, no entanto, registrou o imóvel em um cartório de Brazlândia, cidade de perfil rural a 50 km do Plano Piloto.

A casa tem 1,1 mil m², com quatro suítes amplas, academia, piscina e spa com aquecimento solar.

 

O salário bruto de um senador da República é de R$ 33.763,00, que após os descontos cai para R$ 24,9 mil. O valor do novo imóvel é mais que o triplo do total de bens declarados por Flávio Bolsonaro à Justiça Eleitoral em 2018, quando disputou uma vaga no Senado pelo Estado do Rio de Janeiro.

Naquela ocasião, Flávio declarou um total de bens de R$ 1,74 milhão, incluindo um apartamento residencial na Barra da Tijuca, no Rio (R$ 917 mil), uma sala comercial no mesmo bairro (R$ 150 mil), 50% de participação da empresa Bolsotini Chocolates (uma franquia da Kopenhagen, de R$ 50 mil), um veículo Volvo XC de R$ 66,5 mil e aplicações e investimentos que somavam R$ 558,2 mil.

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As condições do financiamento do imóvel de Flávio Bolsonaro no Banco de Brasília (BRB), no valor de R$ 3,1 milhões, foram bastante vantajosas. A título de exemplo, em um outro banco, o filho do presidente da República obteria uma taxa mínima de 5,39% ao ano. Para financiar R$ 3,1 milhões, ele teria que arcar com uma parcela inicial de R$ 23.222,93, considerando o valor do imóvel, entrada, idade do senador, seguros e taxa de administração. Isso consumiria quase todo o ganho líquido do filho 01, de R$24.906,82 em fevereiro.

O BRB é uma instituição financeira do governo do Distrito Federal, comandado por Ibaneis Rocha (MDB), aliado da família Bolsonaro. O simulador imobiliário do BRB indica que Flávio Bolsonaro teve acesso a condições mais favoráveis que o público em geral. Segundo o simulador do banco, um financiamento no valor daquele obtido pelo senador, com o mesmo prazo de pagamento, exigiria uma renda líquida de R$ 46,8 mil. De acordo com a simulação, o valor da primeira parcela ficaria entre R$ 18.738,94 e R$ 18.574,47, dependendo da seguradora escolhida.

Investigação. A compra da mansão de Flávio Bolsonaro em Brasília veio à tona no mesmo dia em que a Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu retirar da pauta dois recursos da defesa de Flávio Bolsonaro que poderiam levar à "implosão" do caso das rachadinhas, que investiga um esquema em que assessores repassariam seus salários ao chefe.

Em novembro do ano passado, após mais de dois anos de investigação, Flávio foi denunciado pelo Ministério Público do Rio. Segundo o MP fluminense, a organização criminosa "comandada" por Flávio desviou R$ 6,1 milhões dos cofres da Assembleia Legislativa do Rio.

Além do senador e sua mulher, foram denunciados o ex-assessor Fabrício Queiroz, apontado como operador do esquema, e outros 15 ex-assessores. O caso foi revelado pelo Estadão no dia 6 de dezembro de 2018, após relatório do Coaf apontar movimentação atípica de R$ 1,2 milhão, durante um ano, na conta de Queiroz.

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O senador e seu sócio, Alexandre Santini, acabaram entregando a loja de chocolates após o estabelecimento entrar no radar da investigação do Ministério Público. A franquia da Kopenhagen é apontada pela Promotoria como uma forma de o senador lavar dinheiro supostamente desviado da Assembleia Legislativa do Rio quando era deputado estadual.

O Estadão procurou a assessoria do senador Flávio Bolsonaro, que ainda não se manifestou sobre a compra.

O BRB, por sua vez, informou que "é líder na concessão de crédito imobiliário no DF e fechou 2020 com R$ 1,94 bilhão em financiamentos concedidos, o que representa Market Share de 38,6%." "Respeitando o sigilo bancário, o BRB não comenta casos específicos de seus clientes", comunicou o banco. / COLABOROU ANDRÉ SHALDERS

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