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Fiscais da Carne Fraca 'apropriavam-se' de carnes nobres e propinas

Investigação da Polícia Federal revela que, antes de exigir dinheiro em espécie de suas vítimas, dois inspetores do Ministério da Agricultura se fartavam de hambúrgueres, picanhas e peças generosas de filé mignon

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Foto do author Luiz Vassallo
Por Julia Affonso , Mateus Coutinho e Luiz Vassallo
Atualização:

 Foto: Dida Sampaio/Estadão

Dois fiscais do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, alvos de mandados de prisão na Operação Carne Fraca, 'apropriavam-se' de hambúrgueres, picanhas e filés mignon do restaurante Madero. Segundo os investigadores, antes de exigir propina em dinheiro, os inspetores Renato Menon e Celso Dittert de Camargo se serviam à farta de carnes nobres.

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O Madero não é alvo da Carne Fraca. A operação apontou que representantes da empresa informaram que o restaurante havia sido 'vítima de exigências de fiscais agropecuários' e deram 'detalhes muito precisos'.

Segundo o gerente Luiz Adriano Urbanski, antes de a Madero industrializar seus próprios produtos em sua fábrica em Ponta Grossa (PR), a empresa usava instalações da Fastmeet Produtos em Balsa Nova (PR). Na época, relatou, a inspeção era executada pelos fiscais federais agropecuários Renato Menon e Celso Dittert de Camargo.

O gerente do Madero afirmou que os fiscais começaram a 'criar dificuldades'. Segundo Luiz Adriano, o fiscal Celso mandou parar as atividades da empresa, 'alegando que o local não estava devidamente higienizado' e afirmou que 'aquela situação não se repetiria se houvesse uma ajuda'.

"Como consequência da negativa de 'ajuda', todas as demandas da empresa junto à Superintendência começaram a demorar, e Celso a todo tempo elaborava Relatórios de Não Conformidade (RNCs), no intuito de forçar a celebração de algum acordo espúrio, o que estava inviabilizando as atividades comerciais da empresa, obrigando-a, finalmente, a de alguma forma ceder às pressões", diz trecho da decisão do juiz Marcos Josegrei da Silva, da 14.ª Vara Federal, que deflagrou a Operação Carne Fria.

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Luiz Adriano contou que 'inicialmente' Menon e Celso 'apropriavam-se de carnes da empresa, como hambúrgueres, picanhas e filés mignon'.

"Contudo, logo alegaram que a empresa precisaria ajudar mais, e pediram uma 'ajuda' periodicamente no valor de R$ 5 mil para cada um deles. Adriano disse-lhes que não poderia pagar tal valor, no entanto acabou cedendo ao pagamento de R$ 2 mil para cada, por umas 5 ou 6 vezes, entregando os valores em dinheiro, acondicionado em envelopes, sempre para Celso, nos arredores da empresa e, certa vez, num posto de gasolina", aponta o documento.

De acordo com o gerente do Madero, em uma ocasião em que estava em São Paulo, uma funcionária do restaurante lhe telefonou dizendo que Menon estava pegando carnes na fábrica (picanha, filé mignon e carnes nobres), 'tendo orientado-a a dizer-lhe que não podia fazer aquilo'.

"Esclareceu Adriano que, após a mudança da sede da empresa para Ponta Grossa/PR e a mudança dos fiscais, só houve duas ocasiões envolvendo novamente tais exigências, desta vez por parte da investigada e chefe do Superintendência de Inspeção de Produtos de Origem Animal (PR), Maria do Rocio Nascimento, sendo que tais fatos foram registrados por câmeras de segurança. Adriano entregou à autoridade policial o DVD contendo as imagens da câmera", destaca a investigação. COM A PALAVRA, O RESTAURANTE MADERO

NOTA OFICIAL

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Referente a citação do Restaurante MADERO na operação CARNE FRACA, venho, em meu nome e em nome do MADERO, dizer que me sinto imensamente orgulhoso e feliz por ter contribuído com a POLÍCIA FEDERAL, com a nossa disposição e com os nossos depoimentos explicitando as extorsões dos fiscais do Ministério da Agricultura em nossa empresa.

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Isto é o nosso dever como cidadãos brasileiros, pois ajuda a passar o Brasil a limpo, tornando-o um lugar mais digno e decente para que as nossas crianças cresçam e se alimentem de produtos e conceitos bons. É no mínimo a nossa obrigação, seja como pais, empresários ou simplesmente como cidadãos brasileiros de bem.

Temos que ter muita disposição e coragem neste momento que o Brasil dá esta virada, denunciando e colaborando com a polícia e com a justiça, sempre que estes bandidos e corruptos batam às nossas portas. Só assim vamos tornar este maravilhoso país um lugar que nos orgulhemos, e que possamos trabalhar cada vez mais com muita força e determinação, fazendo as nossas empresas e o nosso país crescerem cada vez mais.

Junior Durski Presidente Restaurante Madero

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