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Filho de ministro do TCU foi afastado de esquemas para 'acomodar' Lobão, diz operador

Segundo delegado Filipe Hille Pace, que preside inquérito da Operação Abate II, fase 45 da Lava Jato, Jorge Luz, lobista ligado ao PMDB, revelou a ascenção de Murilo Sobrinho, 'representante' do senador, no âmbito de negócios milionários da Petrobrás

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Por Luiz Vassallo
Atualização:

Edison Lobão. Foto: Dida Sampaio/Estadão

Em depoimento à Polícia Federal no âmbito da Operação Abate, 44.ª fase da Lava Jato, os operadores de propinas Jorge Luz e Bruno Luz, pai e filho, relataram que Tiago Cedraz, filho do ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) Aroldo Cedraz, foi afastado do suposto grupo de agentes públicos, empresários e políticos que teriam atuado em desvios em contratos da Petrobrás com a empresa americana Sargeant Marine, após receber propinas, para dar lugar a um 'representante' do senador Edison Lobão (PMDB-MA). Nesta quarta-feira, 23, o advogado foi alvo de busca e apreensão na Abate II, a fase 45 da Lava Jato.

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"Pelo que Jorge (Luz) conta, o afastamento de Sérgio (Tourinho) e Tiago (Cedraz), além de outros dois operadores, teria sido para acomodar um outro agente político que não pode ser investigado aqui em primeiro grau de jurisdição.", afirmou o delegado da PF Filipe Hille Pace, que dirige a investigação, referindo-se a Lobão.

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O negócio da Sargeant Marine com a Petrobrás culminou na celebração de doze contratos, entre 2010 e 2013, no valor de aproximadamente US$ 180 milhões. A empresa fornecia asfalto para a estatal e foi citada na delação do ex-diretor de Abastecimento da companhia Paulo Roberto Costa.

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Segundo Jorge Luz, Edison Lobão teria sido, ao lado do ex-deputado Cândido Vaccarezza, padrinhos políticos do contrato. Vaccarezza não desfruta mais de foro especial. Na sexta-feira, 18, ele foi preso por ordem do juiz federal Sérgio Moro. Na noite desta terça, 22, o ex-líder dos Governos Lula e Dilma na Câmara foi solto. Já Edison Lobão sequer é alvo da operação por ter foro privilegiado.

No âmbito do termo para fornecimento de asfalto, Vaccarezza é investigado por propinas de US$ 500 mil; já Lobão e seu suposto representante, Murilo Barbosa Sobrinho, são atrelados a repasses de US$ 450 mil em planilhas de pagamentos via offshore entregues pelos operadores de propinas.

Jorge Luz admitiu ter atuado pela Sargeant Marine na Petrobrás e acertado propinas para Vaccarezza, Edison Lobão e o advogado Tiago Cedraz.

Ele contou à força-tarefa, espontaneamente, que, em determinado momento, o ex-gerente da Petrobrás Márcio Aché, supostamente apadrinhado pelo peemedebista, afastou o Cedraz do grupo envolvido nas negociatas para dar lugar a Murilo Barbosa Sobrinho, representante de Edison Lobão.

Em depoimento, Luz disse entender que 'Márcio necessitava incluir Murilo Barbosa Sobrinho na divisão dos valores, haja vista que devia a ele e, consequentemente a Edison Lobão, sua nomeação ao cargo de assistente do (ex-funcionário da BR Distribuidora) José Raimundo Brandão Pereira'.

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"O senador não conhece nem pai nem filho, nunca ouviu falar nesta empresa que eles citam e não tem nenhum tipo de relação e nunca esteve pessoalmente com eles - salvo se participaram de alguma audiência pública. E, sobre a outra pessoa [Murilo], ele conhece, tem um relacionamento pessoal, mas nunca participou de campanha de arrecadação para ele."

COM A PALAVRA, TIAGO CEDRAZ

 O advogado Tiago Cedraz reitera sua tranquilidade quanto aos fatos apurados por jamais ter participado de qualquer conduta ilícita, confia na apuração conduzida pela Força Tarefa da Lava Jato e permanece à disposição para quaisquer esclarecimentos necessários.

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