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Filho de Bolsonaro embaixador contradiz discurso de acabar mamata, diz deputado diplomata

Marcelo Calero (Cidadania-RJ) classificou como ‘vergonha’ possível nomeação de Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) para o comando da Embaixada do Brasil nos EUA

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Por Julia Affonso
Atualização:

Marcelo Calero. Foto: Reprodução/Twitter

O deputado federal Marcelo Calero (Cidadania-RJ) reagiu a uma possível nomeação de seu colega Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) ao cargo de embaixador do Brasil nos Estados Unidos por seu pai, o presidente Jair Bolsonaro. Na avaliação do ex-ministro da Cultura do Governo Michel Temer, 'trata-se de algo contraditório em relação ao seu próprio discurso, que fala em acabar com a mamata, com o compadrio, com o nepotismo'.

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No Twitter, o deputado escreveu nesta quinta-feira, 11. "É inacreditável que, quebrando a tradição de nomear apenas técnicos para a chefia das Embaixadas, ou seja, diplomatas de carreira, resolva indicar o próprio filho para o cargo de Embaixador junto aos EUA. O Brasil, mais uma vez, será motivo de chacota. Vergonha", afirmou.

"Trata-se de algo contraditório em relação ao seu próprio discurso, que fala em acabar com a mamata, com o compadrio, com o nepotismo. Me recorda Crivella nomeando o filho Secretário, sob o pretexto de que ele "era o melhor q podia oferecer ao Rio"."

O encontro de Donald Trump com Jair Bolsonaro e o filho na Casa Branca em março Foto: Alan Santos/Presidência da República

O deputado continuou. "Mais inacreditável que ver o Presidente nomeando filho Embaixador, é ver deputado propondo emenda constitucional pra permitir q o tal filho assuma o cargo sem perder o mandato. Quer ser diplomata? Faça como eu fiz: preste o concurso e vá estudar no Instituto Rio Branco!"

O anúncio do presidente Jair Bolsonaro de que pretende nomear seu filho Eduardo para a embaixada de Washington não veio numa data qualquer: ocorre um dia depois do aniversário de 35 anos do deputado federal.

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Eduardo Bolsonaro disse a jornalistas que tem o apoio do ministro Ernesto Araújo (Relações Exteriores) para assumir o posto diplomático, considerado o mais importante e mais disputado, e disse que é cotado por sua experiência - não por ser filho do presidente Jair Bolsonaro.

O filho do presidente destacou sua atuação na presidência da Comissão de Relações Exteriores da Câmara e o fato de ter feito intercâmbio e até mesmo fritado hambúrguer nos Estados Unidos. "É difícil falar de si próprio, né? Mas não sou um filho de deputado que está do nada vindo a ser alçado a essa condição, tem muito trabalho sendo feito, sou presidente da Comissão de Relações Exteriores, tenho uma vivência pelo mundo, já fiz intercâmbio, já fritei hambúrguer lá nos Estados Unidos, no frio do Maine, estado que faz divisa com o Canadá, no frio do Colorado, em uma montanha lá. Aprimorei o meu inglês, vi como é o trato receptivo do norte-americano para com os brasileiros", disse.

Eduardo Bolsonaro ressaltou que vai esperar a sabatina no Senado para decidir. "Não vejo nenhum desconforto, não acho que por ser filho do presidente ele vai me colocar numa vida boa na embaixada lá. Negativo. É uma representação do Brasil. Tem a missão de trazer negócios e investimentos", disse.

Ele afirmou ainda que imagina que o governo Trump vai ver "com bons olhos" a eventual decisão do governo Bolsonaro de indicar o deputado ao posto em Washington. Na quinta, ao citar os tributos que credenciariam o filho à vaga, o presidente já havia dito a jornalistas que Eduardo "é amigo dos filhos do Trump, fala inglês, fala espanhol, tem vivência muito grande de mundo".

Relembre o episódio entre Calero e Geddel

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Calero é diplomata. Durante o Governo Temer, ele denunciou pressão do então ministro Geddel Vieira Lima (MDB), da Secretaria Geral de Governo de Temer, para liberar a construção de empreendimento de luxo em Salvador.

Calero pediu exoneração após pressão de Geddel pela liberação da construção em uma área histórica da capital baiana. O então chefe da Pasta da Cultura se recusou a ajudar o emedebista, que tinha uma unidade no empreendimento.

O episódio provocou uma crise no governo Temer e acabou citado em conversa gravada pelo empresário Joesley Batista, em março de 2017. No áudio, o presidente afirmou que Calero fez 'um carnaval'.

"Uma bobagem que ele fez. Bobagem sem consequência nenhuma. O cara (Marcelo Calero) aproveitou para fazer um carnaval", afirmou Temer, na época.

Geddel está preso por ligação com o bunker de R$ 51 milhões atribuído a ele, em Salvador.

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