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Fazendeiros são presos por envolvimento em ataque a indígenas em Caarapó (MS)

Ministério Público Federal, por meio da força-tarefa Avá Guarani, obteve a prisão preventiva de proprietários rurais que teriam participado da 'retirada violenta' de indígenas da Fazendo Yvu, no município

Foto do author Fausto Macedo
Foto do author Julia Affonso
Por Fausto Macedo e Julia Affonso
Atualização:

Conflito em Caarapó. 15 de junho de 2016. Foto: Dourado News

A Polícia Federal prendeu nesta quinta-feira, 18, cinco fazendeiros suspeitos de envolvimento em ataque a indígenas em Caarapó, no Mato Grosso do Sul. O Ministério Público Federal, por meio da força-tarefa Avá Guarani, obteve a prisão preventiva de proprietários rurais que teriam participado da 'retirada violenta' de indígenas da Fazendo Yvu, no município. O ataque, segundo a Procuradoria da República, aconteceu em junho deste ano e resultou na morte de um índio e na lesão de outros nove por arma de fogo.

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Caarapó fica a 273 quilômetros da capital Campo Grande. Os mandados de prisão foram cumpridos pela PF em Dourados, Campo Grande, Caarapó e Laguna Caarapã, que também realizaram buscas e apreensões. De acordo com as investigações, os fazendeiros teriam envolvimento direto com o ataque e podem incorrer nos crimes de formação de milícia privada, homicídio, lesão corporal, constrangimento ilegal e dano qualificado.

Segundo o Ministério Público Federal, a decretação das prisões preventivas 'visa à garantia da ordem pública e objetiva evitar novos casos de violência às comunidades indígenas da região - que já sofreram novo ataque, em 11 de julho, o qual deixou outros três índios feridos, dois deles, adolescentes'.

"As investigações da força-tarefa Avá Guarani iniciaram logo após a morte de Clodioude Aquileu Rodrigues de Souza, alvejado por dois disparos de arma de fogo, um no abdômen e outro no peito. Em 5 de julho, a Justiça Federal de Dourados deferiu requerimento do Ministério Público Federal e expediu os mandados de prisão, que, por mais de 40 dias, aguardaram o cumprimento pela Polícia Federal", informou a Procuradoria em nota.

Para os integrantes da força-tarefa Avá Guarani, a demora na execução da determinação judicial é reflexo da falta de priorização da questão indígena pelo Executivo em todo o país.

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"Apesar da morte de um índio e da lesão de outros nove, foi necessário aguardar 44 dias para que os responsáveis pela violência fossem presos. Se não houvesse essa demora injustificada, ao menos seria possível evitar o segundo ataque à comunidade, que feriu três indígenas", anota a força-tarefa.

A Procuradoria afirma que, em 12 de junho, índios da comunidade Tey Kuê, da etnia Guarani-Kaiowá, ocuparam a Fazenda Yvu, em Caarapó (MS) - que incide sobre a Terra Indígena Dourados Amambaipeguá. No dia seguinte, agentes da Polícia Federal foram notificados da ocupação por fazendeiros que os levaram até o local. Os policiais não encontraram reféns e foram informados pelos indígenas de que o proprietário poderia, em 24h, retirar o gado e seus pertences do local. Sem mandado de reintegração de posse, os Federais retornaram a Dourados.

"Frustrados da expectativa de que os policiais retirariam os índios do local, os proprietários rurais que foram presos hoje e mais 200 ou 300 pessoas ainda não identificadas, munidas de armas de fogo e rojões, se organizaram para expulsar os índios à força do local em 14 de junho. De acordo com testemunhas, foram mais de 40 caminhonetes que cercaram os índios, com auxílio de uma pá carregadeira, e começaram a disparar em direção à comunidade", afirma a Procuradoria em nota.

"De um grupo de 40 a 50 índios, oito ficaram feridos e um veio a óbito. Dos indígenas lesionados, um deles continua internado."

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