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'Fatos estão ocorrendo até a presente data'

Em carta, o tenente-coronel da Polícia Militar do Estado de São Paulo José Afonso Adriano Filho, que tenta delação premiada, levanta suspeitas contra 18 coroneis

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Foto do author Marco Antônio Carvalho
Por Marcelo Godoy e Marco Antônio Carvalho
Atualização:
 Foto: Estadão

Preso desde março e tentando fechar um acordo de delação premiada com o Ministério Público, o tenente-coronel José Afonso Adriano Filho elenca em carta de 16 páginas suspeitas contra 18 coroneis e um major. Assinada em 20 de maio, a carta foi anexada a todos os 23 inquéritos em andamento na Corregedoria. Na maior parte do texto, dá a entender que os oficiais superiores receberam a verba de obras fantasmas desviada do Departamento de Suporte Administrativo (DSA) do Comando-geral da corporação.

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O teor do texto se concentra inicialmente em reclamações contra uma suposta parcialidade da Corregedoria ao não investigar suspeitas contra coroneis que ocuparam carga de chefia no período de 2005 a 2012 no Comando-geral e na DSA. "Verifica-se que esta corregedoria apura com rigor os fatos ocorridos no DSA, porém com total parcialidade tendo em vista que muito embora tenha conhecimento da participação e conhecimento de outros oficiais superiores, (eles) sequer foram ouvidos", escreve Adriano no documento ao qual o Estado teve acesso.

 Foto: Estadão

Ele diz ser de "suma importância" a imparcialidade do órgão. Ainda na primeira página requer que sejam instaurados inquéritos policiais militares para investigação de condutas relacionadas aos fatos apurados, a partir de uma lista de indicados dada por ele. Ao fim desses depoimentos, diz ele, seriam fornecidos elementos comprobatórios das suspeitas levantadas. "Fatos estão ocorrendo até a presente data gerando enorme prejuízos ao erário por virtude da ineficiência de fiscalização dos oficiais, bem como desvios em larga escala."

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O primeiro da lista é o coronel João Cláudio Valério, que ocupou o Grupo de Planejamento Setorial (GPS), da Secretaria da Segurança Pública, entre os anos de 2001 e 2006, tendo sido depois chefe de gabinete da secretaria de abril de 2008 a abril de 2009. A ele são dirigidas três perguntas: a) recebeu do DSA-CG recursos em cheque ou espécie para custear despesas diversas? b) determinou pagamentos de obrigações não inerentes à PM? c) determinou reformas na sede da SSP, custeadas pela DSA-CG?

 Foto: Estadão

Logo abaixo, mira no coronel Álvaro Batista Camilo, hoje deputado estadual pelo PSD, com perguntas similares quanto aos recursos do DSA. Pergunta ainda se o ex-comandante-geral teria determinado o emprego de policiais militares e recursos do erário para reparar um apartamento e se verbas públicas teriam pago a internação do seu filho em uma clínica de reabilitação.

Com teor similar, as perguntas se repetem aos demais oficias superiores. A lista inclui ainda o coronel Orlando Eduardo Geraldi com questões sobre supostos uso de verba do DSA. Diz o tenente-coronel Adriano que "outros nomes e fatos poderão ser indicados futuramente". O sigilo do caso foi derrubado pelo juiz Marcos Fernando Teodoro Pinheiro, da 4ª Auditoria Militar. O MP, no entanto, quer o restabelecimento do segredo, "para que não haja prejuízo às investigações, que prosseguem". Nesta sexta-feira, ocorre audiência com uma testemunha do processo na sede do TJM, na Rua Dr. Vila Nova.

COM A PALAVRA, SECRETARIA DE SEGURANÇA

A SSP reitera que não compactua com qualquer desvio de conduta. Todos as denúncias contra policiais, civis ou militares, são rigorosamente investigadas pelas respectivas Corregedorias.

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A Secretaria de Segurança Pública esclarece que não realizou nenhuma reforma em sua sede entre 2005 e 2012.

COM A PALAVRA, O TRIBUNAL DE JUSTIÇA MILITAR

O Tribunal de Justiça Militar aguarda o trabalho do Ministério Público a quem compete tal investigação

COM A PALAVRA, O MINISTÉRIO PÚBLICO DE SÃO PAULO

O Ministério Público de São Paulo informa que o senhor José Afonso Adriano Filho manifestou o interesse de fazer um acordo de delação premiada. No momento, as informações estão sob análise, em fase preliminar, não cabendo ao MPSP tecer qualquer tipo de consideração sobre tais tratativas.

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COM A PALAVRA, O CORONEL CAMILO

O Ministério Público de São Paulo informa que o senhor José Afonso Adriano Filho manifestou o interesse de fazer um acordo de delação premiada. No momento, as informações estão sob análise, em fase preliminar, não cabendo ao MPSP tecer qualquer tipo de consideração sobre tais tratativas.

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