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Fátima Bezerra é a única mulher eleita governadora

De 29 mulheres que disputaram o cargo em todo o País nas eleições 2018, apenas a candidata do Rio Grande do Norte, pelo PT, chegou lá

Por Isabela Giantomaso e Matheus Nobre
Atualização:

Fátima Bezerra (PT-RN) Foto: Pedro França/Agência Senado

A senadora Fátima Bezerra (PT) é a única mulher eleita governadora em 2018. Com 91,31% das urnas apuradas, a candidata do Rio Grande do Norte estava com 57,51% dos votos, contra 42,49% do concorrente Carlos Eduardo (PDT). Os números acompanharam a pesquisa Ibope divulgada em 26 de outubro, que indicou 55% das intenções de votos para a pedagoga.

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Fátima foi a única mulher candidata ao Governo de todos os Estados que passou para o segundo turno das eleições 2018. Na primeira fase de votações, 29 mulheres disputaram o cargo. Entretanto, duas delas não concorreram efetivamente. Uma teve a candidatura indeferida, enquanto outra renunciou.

Para o cientista político Paulo Baía, a eleição de Fátima é um ponto fora da curva. "Ela teve apoio do partido e recebeu o fundo partidário. Era protagonista em um colégio eleitoral, no qual tinha potencial de competitividade".

A participação das mulheres na política ainda é um desafio, segundo o professor da UFRJ. "As estruturas partidárias são machistas e controladas por homens. Os partidos políticos não dão estrutura para candidatas".

O Nordeste, região de Fátima Bezerra, foi o que mais registrou candidatas para o Poder Executivo, com 12 mulheres concorrendo ao cargo estadual. Na análise por partidos, o PSTU registrou o maior número de mulheres para o governo, seguido pelo PSOL e PT: seis, cinco e quatro, respectivamente.

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Em comparação com 2014, a candidatura de mulheres para o governo aumentou 65%, apesar do número de eleitas para o cargo ter sido mantido. Suely Campos (PP-RR) foi a única governadora eleita no Brasil na época. Naquele ano, 19 mulheres concorriam ao Executivo estadual.

O crescimento de 65% chegou após determinação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para que, a partir das eleições de 2018, 30% do fundo eleitoral seja destinado a candidaturas femininas. O objetivo seria garantir uma participação mais ativa de mulheres, que hoje representam 52% do eleitorado.

Apesar do incentivo, o fundo partidário não garantiu o aumento efetivo de mulheres nos governos estaduais. Mesmo com uma cota destinada para candidaturas femininas, Baía acredita que as siglas tentaram driblar a determinação. "Houve uma manipulação na distribuição do fundo. Vários partidos usaram a estratégia de candidatas a cargos de vice para que a cota determinada pelo TSE financiasse candidaturas masculinas."

'Candidaturas laranjas'

Além de ainda terem baixa representação para o governo, as mulheres em 2018 apareceram em outro dado que se distancia da mudança do fundo partidário. 21 candidatas que concorreram nestas eleições não registraram votos. O número pode indicar "candidaturas laranjas" por não receberem apoio das legendas partidárias, além de terem votação ínfima ou não existente.

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Para Baía, muito ainda pode ser feito para garantir uma maior representatividade feminina na política brasileira. "Espero que o novo Congresso redesenhe a questão da participação política e as mulheres ganhem corpo e musculatura dentro das estruturas partidárias. Nos 35 partidos que temos registrados, todos tem estrutura basicamente masculina."

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