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'Falta-lhe, Aécio, qualidade moral e intelectual', diz pai do primo preso do senador

Desembargador aposentado Lauro Pacheco de Medeiros Filho, pai de Frederico Pacheco de Medeiros, capturado na Operação Patmos, postou em uma rede social que 'para o bem do Brasil' carreira do tucano 'está encerrada'

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Foto do author Luiz Vassallo
Por Julia Affonso , Luiz Vassallo e Lucas Baldez
Atualização:

Aécio Neves. Foto: Ueslei Marcelino/Reuters

O desembargador aposentado Lauro Pacheco de Medeiros Filho, pai de Frederico Pacheco de Medeiros, o Fred, primo do senador Aécio Neves (PSDB-MG), diz que ao tucano 'falta qualidade moral e intelectual'. Fred foi preso na Operação Patmos na quinta-feira, 18, após ser filmado buscando uma mala com R$ 500 mil em propina da JBS, supostamente a pedido de Aécio. Também foi presa a irmã do senador, Andrea Neves.

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O desembargador escreveu mensagem em uma rede social. Nesta segunda-feira, 22, Lauro Medeiros confirmou ao Estado que é de sua autoria o post.

"AÉCIO: Meu filho Frederico Pacheco de Medeiros está preso por causa de sua lealdade a você, seu primo. Ele tem um ótimo caráter, ao contrário de você, que acaba de demonstrar, não ter, usando uma expressão de seu avô Tancredo Neves, 'um mínimo de cerimônia com os escrúpulos'."

Laurto Medeiros escreveu, ainda. "Falta-lhe, Aécio, qualidade moral e intelectual para o exercício do cargo que disputou de Presidente da República. Para o bem do Brasil, sua carreira política está encerrada."

A mãe de Fred é prima da mãe de Aécio. Um parente próximo a Fred disse ao Estado que 'a família está muito aborrecida' com o caso.

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OUÇA AÉCIO CONVERSAR COM JOESLEY

Segundo a Patmos, a propina acertada entre o empresário Joesley Batista, da JBS, e Aécio era de R$ 2 milhões. A investigação aponta que, em pelo menos duas ocasiões, Fred foi pessoalmente à sede da JBS para buscar parte da propina acertada para o primo.

Lauro Pacheco de Medeiros Filho seguiu. "Vejo agora, Aécio, que você não faz jus à memória de seu saudoso pai o deputado Aécio Cunha."

VEJA A ÍNTEGRA DA MENSAGEM DO PAI DE FRED, O PRIMO PRESO DE AÉCIO

"AÉCIO: Meu filho Frederico Pacheco de Medeiros está preso por causa de sua lealdade a você, seu primo.

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Ele tem um ótimo caráter , ao contrário de você, que acaba de demonstrar, não ter, usando uma expressão de seu avô Tancredo Neves, "um mínimo de cerimônia com os escrúpulos".

Vejo agora, Aécio, que você não faz jus à memória de seu saudoso pai o deputado Aécio Cunha. Falta-lhe, Aécio, qualidade moral e intelectual par o exercício do cargo que disputou de Presidente da República.

Para o bem do Brasil, sua carreira política está encerrada.

Ass. Lauro Pacheco de Medeiros Filho Desembargador Aposentado do Tribunal de Justiça de Minas Gerais."

COM A PALAVRA, AÉCIO NEVES

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A reportagem procurou o senador para ouvi-lo sobre a mensagem do desembargador Lauro Pacheco de Medeiros Filho. O espaço está aberto para manifestação.

Nesta segunda-feira, 22, o senador divulgou a seguinte nota sobre as acusações que pesam contra ele.

NOTA À IMPRENSA

"Sobre o diálogo gravado por Joesley Batista, o senador Aécio Neves esclarece que:

O diálogo se deu numa relação entre pessoas privadas, no qual o senador solicitou apoio para cobrir custos de sua defesa, já que não dispunha de recursos para tal.

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O empréstimo feito pelo empresário da JBS não envolveu recursos públicos e seria regularizado por meio de um contrato mútuo, se o objetivo de Joesley Batista não fosse, desde o início, única e exclusivamente, forjar uma situação criminosa para ganhar os benefícios da delação premiada.

Não houve na conversa gravada descrição de nenhum ato ilícito da parte do senador, tendo ocorrido uma provocação de Joesley, agora claramente explicada, de assuntos outros, que não o pedido de empréstimo, com o objetivo único de obter de Aécio declarações políticas sobre temas polêmicos.

Como já foi esclarecido, foi proposta ao executivo a venda de um apartamento, no Rio de Janeiro, de propriedade da família do senador há mais de 30 anos. O delator, já atendendo aos interesses de sua delação, propôs emprestar recursos, o que ocorreu sem nenhuma contrapartida, não havendo qualquer tipo de prova ou mesmo indício de que tenha ocorrido alguma atuação do senador na esfera pública em favor da JBS.

O próprio delator Ricardo Saud afirmou à PF que: "Ele nunca fez nada por nós", o que torna infundada qualquer acusação de pagamento de propina.

Todos os recursos recebidos da empresa pela campanha presidencial do PSDB, em 2014, estão declarados na prestação de contas do partido e não envolveram contrapartida ou uso de dinheiro público.

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Um total R$ 50,2 milhões foram doados pela JBS ao comitê financeiro nacional e à Direção Nacional do PSDB. Desse total, R$ 30,44 milhões foram repassados para a campanha presidencial. Outros R$ 6,3 milhões foram doações feitas a diretórios regionais e candidatos estaduais e R$ 4 milhões doados no período pré-eleitoral, totalizando R$ 60,5 milhões em doações integralmente declaradas ao TSE.

Sobre a Operação Lava Jato, não existe qualquer ato do senador Aécio, como parlamentar ou presidente do PSDB, que possa ter colocado um empecilho sequer aos trabalhos da Polícia Federal ou do Ministério Público.

Por fim, Aécio lamenta os termos inadequados que usou na conversa gravada, sem o seu conhecimento, e destaca que jamais fez tais referências no ambiente de trabalho, já tendo se manifestado diretamente junto a cada um dos companheiros e autoridades mencionados.

O senador Aécio lamenta todos os acontecimentos narrados e fará, com serenidade e firmeza, sua defesa junto à Justiça e a seus eleitores para demonstrar a correção de suas ações e a farsa da qual foi vítima, montada pelo delator de forma premeditada a forjar uma ação criminosa.

Lutará também, pelos meios legais, para que a injustiça cometida contra sua irmã e seus familiares seja reparada e revertida o mais rapidamente."

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Assessoria do senador Aécio Neves.

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