O ministro Edson Fachin, relator das ações da Operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal, vê a existência de 'concretos pontos de contato' entre os supostos fatos atribuídos ao presidente Michel Temer no inquérito do qual é alvo e as investigações sobre formação de quadrilha e corrupção nas quais são investigados outros caciques do PMDB como os senadores Renan Calheiros (AL), Romero Jucá (RR) e Jader Barbalho (PA), além do deputado cassado Eduardo Cunha (RJ).
A ligação foi feita expressamente na decisão de Fachin, por meio da qual determinou a separação da investigação contra Temer e o ex-assessor e deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR) do inquérito contra o senador afastado Aécio Neves (PSDB-MG).
Fachin cita os inquéritos 4326 e 4327, abertos em outubro de 2016 com base no conteúdo da delação premiada do ex-senador pelo PSDB, Sérgio Machado.
"Ao menos por ora é possível verificar, nos estreitos limites da cognição jurisdicional e na fase atual da persecutio criminis, a existência de concretos pontos de contato entre a investigação relacionada aos supostos fatos atribuídos a Michel Miguel Elias Temer Lulia e a Rodrigo Santos da Rocha Loures com o objeto dos Inquéritos 4.326 e 4.327, deflagrados para apurar a suposta atuação ilícita de membros do Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB) no âmbito do Senado Federal e da Câmara dos Deputados, respectivamente, a recomendar a tramitação sob a mesma relatoria", destacou o ministro.
O inquérito número 4.326 investiga a incidência dos crimes de formação de quadrilha, corrupção passiva e lavagem de dinheiro supostamente praticados por senadores do PMDB e lobistas ligados a eles.
São investigados os senadores Edison Lobão (MA), Renan Calheiros (AL), Romero Jucá (RR), Valdir Raupp (RO), Jader Barbalho (PA); os lobistas Milton Lyra e Jorge Luz, além do próprio Machado.
Já o inq 4.327 se refere às mesmas condutas criminosas supostamente praticadas por deputados, lobistas e operadores. Entre os investigados, além de Eduardo Cunha, estão os deputados Aníbal Gomes (PMDB-CE), Arnaldo Faria de Sá (PB-SP), Altineu Côrtes (PMDB-RJ), Manoel Júnior (PMDB-PB), André Moura (PSC-SE), Nelson Burnier (PMDB-RJ), além de Fernando Soares, o Fernando Baiano, apontado por investigadores da Lava Jato como operador do PMDB.
COM A PALAVRA, O CRIMINALISTA ANTÔNIO CLÁUDIO MARIZ DE OLIVEIRA, DEFENSOR DE MICHEL TEMER O advogado Antônio Cláudio Mariz de Oliveira, defensor do presidente Michel Temer, não comentou a informação que consta do despacho do ministro Edson Fachin.