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Fachin revê decisão e tira de Moro investigação sobre Haddad

Ministro do Supremo acolheu recurso da defesa de ex-prefeito petista e mandou deslocar para a Justiça Federal em São Paulo inquérito com base nas delações de marqueteiros sobre recursos não contabilizados da Odebrecht na campanha 2012

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Por Luiz Vassallo
Atualização:

O ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad. Foto: Nilton Fukuda/Estadão

O ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal, reconsiderou decisão tomada na Petição (PET) 6997 e determinou que as cópias dos depoimentos dos delatores João Santana, Monica Moura e André Luís Reis de Santana sobre a campanha de Fernando Haddad à Prefeitura de São Paulo nas eleições de 2012 sejam remetidas à Justiça Federal de São Paulo, e não mais à Justiça Federal do Paraná, como havia designado em 10 de maio.

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No Paraná, as investigações da Operação Lava Jato estão sob tutela do juiz Sérgio Moro.

Em agravo regimental contra a primeira decisão de Fachin, a defesa de Haddad sustentou que, na delação premiada, Santana e Mônica, publicitários que atuaram como marqueteiros das campanhas presidenciais de Lula (2006) e de Dilma (2010/2014) disseram ter recebido recursos não contabilizados do Grupo Odebrecht e de empresa ligada ao empresário Eike Batista, para quitar dívidas de campanha do candidato do PT.

A defesa do ex-prefeito alegou, ainda, que tais fatos não têm relação com a Operação Lava-Jato, sendo que episódios semelhantes já são objeto de procedimento criminal em trâmite na 10.ª Vara Federal de São Paulo.

Ao reconsiderar sua decisão, seguindo parecer da Procuradoria-Geral da República, Fachin afirmou que, a partir da comparação entre as razões do recurso - agravo regimental - e os depoimentos prestados no âmbito de colaboração premiada pelos publicitários, 'é possível verificar que os fatos realmente não têm conexão com a Operação Lava-Jato, devendo ser prestigiada a regra prevista no artigo 70 do Código de Processo Penal, segundo a qual a competência para processar e julgar deve ser do Juízo do lugar em que se consuma a infração'.

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"Tratando-se de supostos fatos que se passaram na cidade de São Paulo, na qual eram realizados os pagamentos não contabilizados no contexto do pleito eleitoral ao Poder Executivo da aludida municipalidade, devem as cópias dos termos de depoimento ser remetidas à Seção Judiciária daquele Estado para as providências cabíveis, mormente em razão da apontada existência de inquérito policial já deflagrado com objeto semelhante", concluiu Fachin.

A decisão de Fachin acolhe pedido da defesa de Haddad, a cargo do criminalista Pierpaolo Bottini. Na petição ao Supremo, Pierpaolo sustentou que nos termos de depoimento os colaboradores retratam o suposto recebimento por parte dos publicitários João Santana e Mônica Moura de recursos não contabilizados, disponibilizados pelo Grupo Odebrecht e por sociedade empresária ligada a Eike Batista, para custeio de campanha à Prefeitura de São Paulo nas eleições de 2012.

Pierpaolo defende que tais fatos não seriam conexos com a Lava Jato em curso na Justiça Federal do Paraná. O advogado assinalou que 'episódios semelhantes são objeto do Inquérito Policial n. 0010842-92.2015.4.03.0000, que tramita perante a 10.ª Vara Federal da Subseção Judiciária de São Paulo'.

COM A PALAVRA, HADDAD

A reportagem tentou contato com a assessoria do ex-prefeito de São Paulo. O espaço está aberto para manifestação.

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