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Documentos sugerem propina da Alstom na Petrobrás

Documentos apreendidos pela PF em 2006 apontam pagamento por serviço de consultoria não executado em termoelétrica no Rio

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Por Redação
Atualização:

por Fausto Macedo e Fernando Gallo

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Documentos apreendidos em uma operação da Polícia Federal sugerem que a Alstom pagou propina relacionada a um projeto da Petrobrás no Rio de Janeiro. Trata-se da Termorio, maior termoelétrica a gás do Brasil, construída pela multinacional francesa. Faturas comerciais, acordos de consultoria, e-mails, extratos bancários e depoimentos apontam a prática ilícita em relação ao projeto.

Os documentos foram apreendidos em operação da PF em 2006 que desmontou um golpe contábil contra Itaipu e outras companhias do setor elétrico. Nela, foram presas seis pessoas, entre elas um engenheiro da Alstom.

Os documentos foram apensados ao inquérito da PF que deu origem à ação penal contra 11 pessoas do caso Alstom, aberta pela Justiça Federal em fevereiro por corrupção e lavagem de dinheiro da empresa francesa em um projeto de uma extinta estatal de energia paulista.

O material indica que a Alstom pagou a uma empresa uruguaia por consultoria fictícia a respeito da obra da Termorio.

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VEJA O PRIMEIRO VOLUME DE DOCUMENTOS QUE APONTAM PAGAMENTOS DE PROPINA À ESTATAL:

 Foto: Estadão

 

Investigadores sustentam que o procedimento é o mesmo usado pela Alstom em diversos países para dissimular o pagamento de propina.No material apreendido pela PF está o acordo de consultoria entre a Aranza SA e a Alstom da Suíça datado de abril de 2004. Nele, a empresa uruguaia é contratada para prestar serviços referentes à Termorio, que estava sendo construída pela multinacional francesa e que viria a ser utilizada na refinaria da Petrobrás em Duque de Caxias (RJ).

Em depoimento, o dono da Aranza, Luis Geraldo Tourinho Costa, um dos presos na operação, afirmou que cedeu a empresa e a conta para um funcionário da Alstom para "transações financeiras relacionadas à Termorio".

Tourinho disse que "os depósitos eram feitos na conta da empresa e posteriormente recebia instruções de como proceder para dar destinação aos valores, sem saber do que se tratava".

VEJA A SEGUNDA LEVA DE DOCUMENTOS QUE APONTAM PROPINA:

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 Foto: Estadão

Operador. Além disso, há faturas emitidas pela Aranza à Alstom por serviços relativos à Termorio, bem como e-mails do funcionário da multinacional Werner Fischer pedindo a um operador da empresa uruguaia que nos recibos constasse uma descrição do serviço "impressionante o suficiente para que uma eventual auditoria considerasse os custos como justificados".

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Também há um extrato da conta da Aranza no banco uruguaio Surinvest no qual um depósito de 11 de junho de 2004 é identificado como "Termorio", no valor de US$ 243,5 mil. De lá, diversos valores saíram para contas em países como Suíça, Estados Unidos e Inglaterra.

A Aranza teve sede no mesmo endereço em Montevidéu onde estavam registradas as offshores usadas no cartel de trens.

Defesa. A Alstom afirmou, em nota, que "não pode comentar sobre estas alegações, que predominantemente parecem referir-se a questões que ocorreram no início dos anos 2000 ou anteriormente, porque as investigações ainda estão em andamento". A Petrobrás não respondeu aos questionamentos até esta edição ser concluída.

 

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