Entre as 84 perguntas feitas a Michel Temer, a Polícia Federal questiona o presidente sobre um capítulo importante da crise na qual o peemedebista mergulhou - os assuntos tratados na reunião com o empresário Joesley Batista, da JBS, na noite de 7 de março, no Palácio do Jaburu.
Naquele encontro, o executivo narrou a Temer uma sucessão de crimes como o pagamento de mesada de R$ 50 mil para o procurador da República Ângelo Goulart e contribuição financeira a Eduardo Cunha (PMDB-RJ), em troca do silêncio do ex-presidente da Câmara, preso desde outubro de 2016 na Lava Jato.
Joesley também disse ao presidente que estava 'segurando dois juízes'. A conversa foi gravada pelo empresário, sem que Temer soubesse.
"Por qual razão não levou ao conhecimento de autoridades a ilícita ingerência na prestação jurisdicional e na atuação do Ministério Público que lhe fora narrada por Joesley Batista?", indagou a PF.
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A PF avalia que o presidente compreendeu que 'segurar' os magistrados significava uma suposta 'intervenção' na atuação do Judiciário.
OUÇA TEMER E JOESLEY
Os delegados federais Thiago Machado Delabary e Marlon Cajado Oliveira dos Santos querem saber do presidente se ele percebeu 'alguma ilicitude' de Joesley.
Os investigadores consideram que o presidente deveria ter tomado providências imediatas ao ser comunicado de crimes por Joesley. Este é o ponto central do pedido de impeachment de Temer levado à Câmara pela Ordem dos Advogados do Brasil.