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Executivos da Mendes Júnior negociam delação premiada

Segundo pessoas que acompanham as investigações, tratativas estão ‘adiantadas’, com anexos da colaboração fechados, mas acordo não foi assinado até agora

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Por Ricardo Galhardo
Atualização:

Sérgio Cunha Mendes (à esq.) foi condenado a mais de 19 anos de prisão. Foto: Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados - 2/6/2015

Executivos da empreiteira Mendes Júnior condenados por envolvimento no esquema de desvios de dinheiro da Petrobrás negociam desde novembro do ano passado um acordo de delação premiada com a força-tarefa da Operação Lava Jato.

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Segundo pessoas que acompanham as investigações, as tratativas estão "adiantadas", com os anexos da delação fechados, mas o acordo ainda não foi assinado até agora. Ainda segundo essas fontes, as revelações feitas pelos executivos da empreiteira sediada em Minas Gerais envolvem políticos de "diferentes partidos".

Em novembro, quando iniciaram as conversas, três executivos da Mendes Júnior foram condenados pelo juiz da 13.ª Vara Federal de Curitiba, Sérgio Moro.

Sérgio Cunha Mendes, ex-vice-presidente da empreiteira, foi sentenciado a 19 anos e 4 meses de prisão. Os ex-diretores de petróleo e gás da Mendes Júnior Rogério Cunha Pereira e Alberto Elísio Vilaça Gomes receberam penas de 17 anos e 10 anos de cadeia, respectivamente.

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"A prática do crime de corrupção envolveu o pagamento de R$ 31.472.238,00 à Diretoria de Abastecimento da Petrobrás, um valor muito expressivo. Um único crime de corrupção envolveu pagamento de cerca de R$ 9 milhões em propinas", sentenciou Moro.

Eles, por enquanto estão em liberdade. Outros dois executivos da empreiteira foram absolvidos.

Ao se dispor a contar o que sabe sobre o esquema de desvios na Petrobrás em troca de benefícios no cumprimento das penas, a Mendes Júnior entra na lista de grandes empreiteiras que aceitaram delações premiadas à Lava Jato ao lado de Odebrecht, OAS, Camargo Corrêa e Andrade Gutierrez.

Leniência. Além da delação, executivos da Mendes Júnior buscam também um acordo de leniência - instrumento jurídico pelo qual uma empresa admite a prática de cartel e outros ilícitos em troca de benefícios.

Na semana passada, a Advocacia-Geral da União (AGU), por meio da Procuradoria da União no Estado do Paraná, ajuizou ação na qual cobra R$ 12 bilhões de 15 empresas e 12 pessoas físicas - executivos e ex-funcionários da Petrobrás - envolvidos no esquema investigado pela Operação Lava Jato. Uma delas é a Mendes Júnior.

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O valor seria equivalente aos prejuízos à estatal provocados por sobrepreços e pagamento de propinas a políticos.

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Na sentença que condenou os três executivos da Mendes Júnior, o juiz Sérgio Moro orientou a empresa a buscar um acordo de leniência.

"É pior para a reputação da empresa tentar encobrir a sua responsabilidade do que assumi-la", sentenciou o juiz. "A admissão da responsabilidade não elimina o malfeito, mas é a forma decente de superá-lo, máxime por parte de uma grande empresa. A iniciativa depende muito mais da Mendes Júnior do que do Poder Público", completou Moro.

Na sentença, o juiz responsável pela Lava Jato compara o caso da Mendes Júnior ao da Volkswagen. Em setembro do ano passado, a montadora alemã de veículos admitiu fraudes no controle de poluentes de mais de 10 milhões de veículos.

"Com as devidas adaptações, o recente exemplo da Volkswagen é ilustrativo do comportamento apropriado de uma grande empresa quando surpreendida na prática de malfeitos, diga-se de passagem aparentemente menores dos que os apurados no presente feito", afirmou Moro.

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