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Executivo da Camargo Corrêa diz que todas as empresas pagavam propina na Petrobrás

O ex-vice-presidente Eduardo Leite afirmou a juiz Sérgio Moro que Julio Camargo e Youssef operaram corrupção da empreiteira na estatal; ele confirmou valores a ex-gerente em contrato de consórcio formado com a Odebrecht

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Por Redação
Atualização:

Por Fausto Macedo, Mateus Coutinho, Julia Affonso e Ricardo Brandt, enviado especial a Curitiba

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O ex-vice-presidente da Camargo Corrêa, Eduardo Leite, afirmou nesta quinta-feira, 3, que a empreiteira pagava propina em todos os contratos da Petrobrás e listou os nomes dos ex-diretores da estatal Renato Duque (Serviços) e Paulo Roberto Costa (Abastecimento) e dos ex-gerentes Pedro Barusco e Celso Araripe como beneficiários.

"Pelo o que eu sabia todas as empresas prestadores de serviços junto a Petrobrás tinham a obrigação desse pagamento", afirmou Leite ao ser ouvido em ação penal contra executivos da Odebrecht, como testemunha de acusação da Procuradoria. O juiz federal Sérgio Moro quis saber se a Camargo era única empreiteira a pagar propina.

Leite citou que as obrigações de pagamentos era um fato comentado no mercado e disse ter ouvido de outros executivos reclamações sobre os pagamentos. "Algum executivo da Odebrecht", perguntou Moro. "O senhor Márcio Faria (executivo da Odebrecht preso desde junho e réu no processo) um determinado momento inconformado reclamou dessa necessidade."

Confissão. Leite e o ex-presidente da Camargo Corrêa Dalton Avancini viraram delatores da Lava Jato. A empresa fechou acordo de leniência.

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"Objetivamente, a Camargo Corrêa pagava propinas em contratos da Petrobrás?", questionou o juiz da Lava Jato.

"Sim", respondeu o executivo. O magistrado quis saber se a corrupção ocorreu em "um, dois ou em vários contratos?". "Em todos os contratos."

Leite foi um dos presos da Lava Jato em 14 de novembro de 2014, na 7ª fase da Lava Jato, batizada de "Juízo Final". Junto com o ex-presidente da empreiteira Dalton Avancini fechou acordo de delação premiada. Eles confessaram o pagamento de R$ 110 milhões em obras da estatal petrolífera e em outras áreas, como nas obras da Usina Hidrelétrica de Belo Monte.

Perguntado pelo juiz Sérgio Moro quem eram os beneficiários da propina na Petrobrás, ele apontou nome de quatro ex-servidores.

"Paulo Roberto da Costa e doutor Renato Duque", afirmou. Os dois são ex-diretores, o primeiro deles delator da Lava Jato. "Pedro Barusco recebia conjuntamento, o que era pagamento para a Diretoria de Serviços Pedro Barusco participava." Leite afirmou ter se reunido e tratado propina com os três.

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Operadores. O ex-vice-presidente da Camargo Corrêa, que fez acordo de delação premiada, afirmou ainda que dois operadores cuidavam da propina da empreiteira. "

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"Os pagamentos se davam através de dois chamados hoje operadores, um que representava a área de Abastecimento que era politicamente apadrinhada pelo PP e outro que representava a área de Serviços, que era apadrinhada pelo PT. No caso da área de Serviços quem operava para a Camargo Corrêa esses pagamentos era o senhor Julio Camargo. E no caso da área de Abastecimento as operações se davam através do senhor Alberto Youssef".

Odebrecht. A Camargo Corrêa foi consorciada da Odebrecht em contratos da Petrobrás. Um deles, alvo da ação penal contra o presidente da empreiteira, Marcelo Bahia Odebrecht, é a obra de construção da sede da estatal em Vitória (ES).

No interrogatório, a procuradora da República Laura Gonçalves Tessler quis saber se nesse contrato também houve pagamento de propina. "Sim, internamente na Camargo, quando do evento do inicio da Operação Lava Jato foi pedido um levantamento de todos os contratos existentes dentro da Construções e Comércio Camargo Corrêa que envolvesse pagamento de propina. Esse foi um dos contratos que foi trazido a baila como sendo um contrato que envolvia pagamento de propina", respondeu Leite.

O contrato vencido pelo consórcio OCCH, tem como parceiras a Camargo Corrêa e a Construtura Norberto Odebrecht A procuradora da Repúlica quis saber quem informou Leite sobre a propina. "Isso foi trazido pelo diretor de Operação Paulo Augusto, à época do início da Operação Lava Jato e validado pelo à epoca diretor de Operação e hoje presidente Dalton Avancini, que confirmou que os contratos juto a OCCH de duas empresas que foram apresentadas eram destinados a pagamento de propina".

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Os contratos eram com as empresas Sul Brasil e EEP, contratos para dar falsas consultorias que ocultaram cerca de R$ 3 milhões em propina, segundo Leite. O ex-vice-presidente da Camargo Corrêa afirmou ter sido informado dentro da empreiteira, quando iniciou sua delação, que a propina era destinada ao ex-gerente da Petrobrás Celso Araripe - que está preso em Curitiba, desde o mês passado.

COM A PALAVRA, A ODEBRECHT:

"As defesas do executivo e dos ex-executivos da Odebrecht irão se manifestar nos autos do processo penal."

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