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'Execrável', diz defesa de Sarney sobre seu delator

Criminalista Antônio Carlos de Castro Machado, o Kakay, confirma que ex-presidente estuda processar Sérgio Machado que o denunciou por suposto recebimento de Rs 20 milhoes em propinas da Transpetro

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Foto do author Fausto Macedo
Por Julia Affonso , Fausto Macedo , Ricardo Brandt e Mateus Coutinho
Atualização:

Sérgio Machado (à esq.) e Sarney. Fotos: Montagem Estadão Foto: Estadão

O advogado Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, que defende o ex-presidente José Sarney (1985/1990) afirmou que o peemedebista está disposto a processar o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado, que dirigiu a empresa durante 12 anos por indicação do PMDB. Sarney foi um dos políticos gravados por Sérgio Machado, que se tornou delator da Operação Lava Jato.

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Machado afirmou ter repassado mais de RS 70 milhões para cardeais do PMDB. Desse montante, segundo o delator, RS 20 milhões teriam sido entregues a Sarney.

Vendo-se acuado, com medo de ser preso na Lava Jato, o ex-chefe da Transpetro, cadeira que ocupou por 12 anos, gravou secretamente conversas com quadros máximos do PMDB, entre eles o presidente do Congresso, senador Renan Calheiros, o presidente do partido, Romero Juca- ministro por alguns dias do governo interino Michel Temer - e o próprio Sarney. Uma das conversas, Machado gravou em um hospital onde Sarney estava internado.

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Em nota, Sarney afirmou que Machado é um 'monstro moral' e uma 'pessoa abjeta'. "A total falta de caráter de quem, como meu amigo por mais de vinte anos, frequentando com assiduidade minha casa, almoçando e jantando comigo, e visitando-me sempre, teve a vilania de gravar nossas conversas, até mesmo em hospital, revela o monstro moral que ele é", declarou o ex-presidente.

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Na conversa registrada pelo ex-presidente da Transpetro, os dois discutem a crise política e a Operação Lava Jato que avança sobre os principais políticos brasileiros, também manifesta sua preocupação com a possibilidade das investigações envolvendo Machado serem enviadas para o juiz Sérgio Moro, na Justiça Federal em Curitiba, e indica que tentaria ajudá-lo a encontrar uma solução.

Segundo o criminalista, Sérgio Machado era 'super próximo' a Sarney e que a gravação da conversa é 'inacreditável'. "Esse cidadão é execrável. Ele ia lá, almoçava, jantava", afirma. "O Brasil perdeu completamente os limites da ética."

Kakay diz que já requereu ao Supremo Tribunal Federal (STF) acesso à delação de Sérgio Machado, mas que o pedido foi negado. "A operação vaza e as pessoas não têm acesso a ela. É uma piada, um mundo de faz de contas."

A ÍNTEGRA DA NOTA DE JOSÉ SARNEY

Face à publicação pela mídia de que o Senhor Sérgio Machado teria, em delação premiada, afirmado ter dado a mim vinte milhões de reais, venho protestar, desmentir e repudiar tal afirmação.

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A total falta de caráter de quem, como meu amigo por mais de vinte anos, frequentando com assiduidade minha casa, almoçando e jantando comigo, e visitando-me sempre, teve a vilania de gravar nossas conversas, até mesmo em hospital, revela o monstro moral que ele é.

Vou processa-lo por denunciação caluniosa, de que sou vítima, pois não existe qualquer envolvimento meu nos fatos investigados pela operação Lava-Jato ou em qualquer outro ilícito. Não descarto a construção de uma armadilha.

A conduta do Senhor Sérgio Machado mostra sua total falta de credibilidade.

Repudio pessoa tão abjeta, que, insisto, vou processar.

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