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Advogado dos delatores assume defesa de ex-vereador do PT

Antonio Augusto Figueiredo Basto defende Alberto Youssef, Pedro Barusco e Julio Camargo que detalharam esquema de corrupção na Petrobrás

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Atualização:

Figueiredo Basto. Foto: Denis Ferreira Netto/Estadão

Por Ricardo Brandt, Fausto Macedo e Julia Affonso

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O advogado Antonio Augusto Figueiredo Basto, uma das principais referências da advocacia penal em delação premiada, assumiu a defesa do ex-vereador do PT Alexandre Romano, o Chambinho, alvo da Operação Pixuleco II, desdobramento da Lava Jato, que mira contratos no âmbito do Ministério do Planejamento. Figueiredo Basto já defende na Lava Jato o doleiro Alberto Youssef, o ex-gerente da Petrobrás Pedro Barusco e o lobista Julio Camargo, três dos mais importantes delatores da operação.

Chambinho foi preso temporariamente no dia 13 de agosto. Em seu primeiro depoimento à Polícia Federal, no dia 14, ele afirmou que foi Luis Gushiken (morto em 2013), ex-ministro de Comunicação do governo Lula, que indicou o advogado Guilherme Gonçalves -, jurídico na área eleitoral da senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) -, para o recebimento de 9% da propina destinada a ele da empresa Consist Software, no contrato de empréstimos consignados do Planejamento.

No dia 18, o juiz federal Sérgio Moro decretou a prisão preventiva do ex-vereador. Acuado, na iminência de permanecer por um longo tempo na prisão, Chambinho passou a estudar a possibilidade de fazer delação.

Nesta segunda-feira, 24, o criminalista Figueiredo Basto protocolou petição na 13ª Vara Federal de Curitiba, base da Lava Jato, na qual comunica o juiz Sérgio Moro, que assumiu a defesa de Chambinho.

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Figueiredo Basto trata ainda com cautela a questão. "Não há uma definição ainda. Não vejo motivo sinceramente para a colaboração. Há só uma imputação a ele (Chambinho), lavagem de dinheiro nos contratos. Mas não podemos esquecer que a Lava Jato, a cada dia que passa, os fatos mudam diante de uma investigação muito bem realizada pelo Ministério Público Federal e pela Polícia Federal."

O criminalista diz que neste momento não vê motivo para a colaboração. "Nem me foi pedido isso. Vamos analisar nos próximos dias. Ainda é muito cedo para se falar em colaboração. Não estou descartando a colaboração, mas neste momento não estamos considerando seguir esse caminho. Agora, se houver uma definição da família (de Chambinho) pela colaboração nós vamos procurar o Ministério Público Federal. Eu, sinceramente, acho um pouco prematuro."

Chambinho aponta Paulo Ferreira, ex-tesoureiro do PT, como 'beneficiário de repasses'

 

 Foto: Estadão

 

Além de Figueiredo Basto, fazem parte do núcleo de defesa do ex-vereador os advogados Luis Gustavo Rodrigues Flores, Rodolfo Herold Martins, Adriano Sérgio Nunes Bretas, Tracy Joseph Reinaldet e Matteus Beresa de Paula Macedo. A contratação é o maior indicativo de que o ex-vereador está disposto a revelar o que sabe na Pixuleco II.

Na Operação Lava Jato, as revelações de Alberto Youssef, peça central da investigação, apontaram para dezenas de deputados, senadores e ex-parlamentares supostamente beneficiários de propinas no cartel de empreiteiras que se instalou na Petrobrás entre 2004 e 2014. 

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Julio Camargo denunciou propina de US$ 5 milhões para o presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ). O lobista ainda acusou Cunha de pressionar pelo pagamento. Pedro Barusco apontou minuciosamente contas no exterior por onde passaram valores de propinas do esquema de corrupção instalado na Petrobrás.

Chambinho se dedicava a um escritório de advocacia que montou em São Paulo após deixar a atividade política. Em 2001, ele foi eleito pelo PT para mandato de vereador em Americana, no interior de São Paulo, sua única passagem pelo Legislativo. Em 2005, se desfiliou do partido, conforme registrado no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Embora tenha deixado a sigla oficialmente, segundo interlocutores, as amizades com a cúpula petista se mantiveram e o escritório seria usado para atendê-la.

 

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