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Ex-ministro do TSE ligado a Bolsonaro diz desconhecer provas de fraude nas eleições de 2018

Durante o último pleito, Admar Gonzaga era um dos sete ministros titulares do TSE. “Não conheço essas provas, não conversei com o presidente. Mas o presidente não falaria algo dessa ordem levianamente sem ter efetivamente provas do que está dizendo. É importante que essas provas sejam apresentadas, se ele assim desejar”, disse Admar ao 'Estado'

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Por Rafael Moraes Moura/BRASÍLIA
Atualização:

Admar Gonzaga. Foto: Daniel Teixeira/Estadão

BRASÍLIA - Ex-ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e secretário-geral do Aliança pelo Brasil, o advogado Admar Gonzaga disse ao Estado/Broadcast desconhecer as provas de "fraude" mencionadas pelo presidente Jair Bolsonaro envolvendo as eleições presidenciais de 2018. Durante o último pleito, que se tornou alvo de suspeitas lançadas por Bolsonaro, Admar era um dos sete ministros titulares do TSE.

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O advogado é amigo do presidente da República e já advogou para Carlos Bolsonaro (PSC-RJ), garantindo na Justiça o direito do filho do presidente de concorrer ao cargo de vereador no início de carreira, aos 17 anos - em 2000, Carlos tornou-se o mais jovem vereador da história do Brasil.

"Não conheço essas provas, não conversei com o presidente. Mas o presidente não falaria algo dessa ordem levianamente sem ter efetivamente provas do que está dizendo. É importante que essas provas sejam apresentadas, se ele assim desejar. É de interesse da Justiça Eleitoral", disse Admar à reportagem.

"O presidente diz que tem provas, ele não me mostrou quais são essas provas, mas ele desde muito tempo demonstra a sua desconfiança no sistema, entende que o sistema é falho, pretende que exista um outro tipo de checagem. Cada um tem a sua opinião, a opinião dele tem de ser respeitada. Ele não está atacando a Justiça", afirmou Admar.

Bolsonaro disse na última segunda-feira, 9, durante evento nos Estados Unidos, que houve "fraude" nas eleições presidenciais de 2018 e afirmou ter provas de que venceu o pleito no primeiro turno. A fala reacendeu a estratégia de colocar em xeque a credibilidade da Justiça Eleitoral, um discurso utilizado pelo próprio Bolsonaro na campanha daquele ano. O presidente não apresentou provas para embasar suas declarações.

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O discurso de Bolsonaro provocou uma forte reação de integrantes do TSE e do Supremo Tribunal Federal (STF). Em uma rara declaração à imprensa, a presidente do TSE, ministra Rosa Weber, disse que a Justiça Eleitoral "não compactua com fraudes". Os ministros Luís Roberto Barroso e Marco Aurélio Mello também saíram em defesa da urna eletrônica.

Conivente. Na avaliação de Admar Gonzaga, o presidente da República não quis ofender a magistratura com os comentários. "Mas a gente sabe que as fraudes acontecem muitas vezes do lado de fora, né? Ninguém imagina, nem o próprio presidente da República vai imaginar a ministra Rosa Weber, o ministro Barroso (Luís Roberto Barroso, vice-presidente do TSE), o ministro Fachin (Edson Fachin) querendo fraudar uma eleição. Nenhum de nós. Isso não existe, tá?", afirmou Admar.

O advogado comparou o funcionamento da Justiça Eleitoral ao de bancos, que estão sujeitos a falhas internas. "Todos nós já tivemos fraudes no cartão de crédito, mesmo em conta bancária. Não estamos acusando o banco de estar conivente com isso, de forma nenhuma", frisou.

O ex-ministro afirmou à reportagem que confia na Justiça Eleitoral e em todos os ministros que integram ou já integraram o TSE. "Nunca tive uma vírgula fora do lugar para ter algum tipo de desconfiança. Agora, também confio no presidente da República", observou.

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