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Ex-ministro da Justiça de Dilma quer depoimento de Moro no Congresso sobre intromissão de Bolsonaro na PF

Quem defende a democracia e o estado de direito no brasil não pode aceitar que um presidente da República tente aparelhar a PF para tentar poupar parentes, e aliados, e talvez perseguir inimigos", afirmou José Eduardo Cardozo

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Foto do author Luiz Vassallo
Por Pepita Ortega e Luiz Vassallo
Atualização:

O Ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo. Foto: Fábio Motta/Estadão

O ex-ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo (governo Dilma Roussef), afirmou nesta sexta-feira, 25, que o Congresso Nacional precisa convocar o ex-ministro Sérgio Moro para depor sobre a interferência do presidente Jair Bolsonaro na Polícia Federal que culminou com sua saída do cargo. Cardozo fez a declaração enquanto integrante do grupo Prerrogativas, composto por advogados.

"A explicação do ex ministro Sérgio Moro sobre as razões que levaram a que ele deixasse o ministério da Justiça envolvem fatos gravíssimos que exigem de todos nos uma tomada de posição. Quem defende a democracia e o estado de direito no brasil não pode aceitar que um presidente da República tente aparelhar a PF para tentar poupar parentes, e aliados, e talvez perseguir inimigos", afirmou Cardozo.

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O ex-ministro segue. "Nós não podemos mais tolerar o que vem acontecendo em relação à ofensas que são praticadas ao estado democrático de direito no Brasil e à Constituição. Não podemos mais tolerar que essa situação passe em branco. É necessário apurar e punir. É necessário apurar e responsabilizar"

"Não podemos aceitar que nossa democracia seja tratada da forma que está sendo pelo presidente da república. Dito isso, é hora de todos nos que defendemos a democracia e o estado de direito estarmos juntos. Independente de polêmicas e disputas passadas ou presentes, quem defende a democracia tem que estar junto contra o aparelhamento da PF pelo respeito das nossas instituições democráticas e pela defesa da constituição", conclui.

Ao anunciar a saída do cargo, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, acusou nesta sexta-feira (24) o presidente Jair Bolsonaro de tentar interferir politicamente no comando da Polícia Federal para obter acesso a informações sigilosas e relatórios de inteligência. "O presidente me quer fora do cargo", disse Moro, ao deixar claro que a saída foi motivada por decisão de Bolsonaro.

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Em um pronunciamento de cerca de 40 minutos, o presidente Jair Bolsonaro rebateu o ex-ministro Sérgio Moro que, ao pedir demissão, o acusou de tentar interferir na Polícia Federal. Na fala, no entanto, Bolsonaro reconheceu que quer um contato mais direto com o diretor-geral da instituição e evidenciou ter interesse pessoal em investigações da PF, como o caso da facada que sofreu em 2018. Bolsonaro disse que, se Moro queria independência para fazer nomeações, deveria ter disputado a eleição à presidência.

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