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Ex-gerente da Petrobrás dizia que tinha o 'suporte do partido', afirma delator

Mário Góes declarou à Justiça Federal que acredita que Pedro Barusco, braço direito de Renato Duque na Diretoria de Serviços da estatal, 'se referia ao PT'

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O operador de propinas Mário Góes, delator que teria movimentado dinheiro da WTorre / Foto: Reprodução

Por Julia Affonso, Fausto Macedo e Ricardo Brandt, enviado especial a Curitiba

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O delator Mário Góes afirmou à Justiça Federal nesta segunda-feira, 3, que o ex-gerente de Engenharia da Petrobrás Pedro Barusco lhe disse certa vez que não tivesse medo de operar pagamentos de propinas na estatal porque 'tinha o suporte do partido'. Para Góes, o partido ao qual Barusco se referia era o PT. Góes prestou depoimento em duas ações penais da Operação Lava Jato. Ele é um dos novos delatores do caso.

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Ao ser questionado sobre trecho de sua colaboração perante a força-tarefa da Lava Jato, Mário Góes relatou a conversa com Barusco. "Quando ele me pediu que eu o ajudasse ele disse que já fazia isso (distribuição de propinas) havia muito tempo com outras pessoas. Eu disse que não gostaria muito de fazer isso porque a Riomarine (empresa de Góes que operou propinas, segundo a Lava Jato) já existia naquela época há mais de 15 anos e eu já trabalhava há mais de 40 anos e tinha certos receios."

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Segundo Mário Góes, o então gerente de Engenharia e braço direito de Renato Duque na Diretoria de Serviços da Petrobrás recomendou a ele 'que não tivesse medo, que não ia acontecer nada'.

"Ele (Barusco) disse que eu não tinha que me preocupar porque tinha o suporte superior e o partido envolvido. Acho que ele se referia, ao que eu entendo, ao PT. Mas eu não tenho nenhuma prova disso."

Ao ser indagado sobre a divisão de valores, Góes declarou. "Tinha a divisão dele (Barusco) com Renato Duque." A pergunta seguinte foi se ele tinha conhecimento de como Barusco fazia para repassar o dinheiro.

"Não tenho a mínima ideia, eu pagava, ele recebia. Como ele fazia, ou se fazia, ou se não fazia, eu nunca perguntei."

Segundo Góes, o ex-gerente de Engenharia - que também fez delação premiada - lhe dizia. "Dos pagamentos (de propinas) havia uma parte do partido que ele não se metia e eu queria saber menos ainda. Por exemplo, nesse contrato tem meio por cento que é nosso, da Casa, e tem meio por cento do partido. Ele mencionava que era para o partido, ele falava partido."

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'Casa' era como os então dirigentes das unidades estratégicas da Petrobrás chamavam o núcleo interno da estatal que dividia propinas. Durante a audiência, Mário Góes demonstrou melhor aparência física - diferente das ocasiões anteriores em que ficou frente a frente com o juiz federal Sérgio Moro e chorou. Agora, ele cumpre prisão domiciliar, benefício que alcançou com a delação premiada.

O procurador da República que acompanhou a audiência desta segunda-feira, 3, perguntou ao delator sobre uma planilha elaborada por ele e qual o significado da expressão 'Div 2'.

"A divisão, a famosa divisão por seis que ele (Barusco) falava, em alguns casos por sete. Ele fez uma simbologia, eu também fiz uma simbologia para atender. Segundo ele (Barusco) a sigla GR exclamação seria para o dr. Renato Duque, o GR arroba que seria o 2 seria para ele (Barusco). Eu era o XXX. Quando era sete tinha mais um que eu não sabia quem era."

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