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Ex-diretor do Metrô de SP entregou extratos da propina e contou como driblou o Coaf à Lava Jato

Sérgio Corrêa Brasil fechou acordo de delação premiada com a Operação Lava Jato

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Por Luiz Vassallo
Atualização:

Metrô. Foto: Hélvio Romero / Estadão

Entre os documentos entregues à Lava Jato por Sérgio Corrêa Brasil, ex-diretor do Metrô em São Paulo, estão extratos bancários de depósitos que ele fez em sua própria conta e nas contas de familiares de valores recebidos por cinco empreiteiras. O executivo teve sua delação homologada pela juíza federal substituta Flavia Serizawa e Silva, da 3ª Vara Criminal Federal de São Paulo. Em apenas uma ação penal, confessou ter recebido R$ 4 milhões entre 2004 e 2014, durante as gestões Geraldo Alckmin (PSDB), Claudio Lembo (PFL), Jose Serra (PSDB) e Alberto Goldman (PSDB) - eles não são citados no processo.

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Brasil confessou ter recebido as vantagens ilícitas de Odebrecht, OAS, Camargo Corrêa, Queiroz Galvão e Andrade Gutierrez. Os executivos das empreiteiras, boa parte, delatores, estão também no banco dos réus. Nesta ação, são 13 do alto escalão das empresas. Os valores seriam oriundos de acertos nas linhas 2 - Verde -, 5 - Lilás, e 6 - Laranja. Os termos de sua colaboração estão em sigilo. Parte deles é revelada pela decisão que abriu ação penal.

O ex-diretor, segundo a juíza, 'afirmou em sua colaboração que, no ano de 2003, durante o Governo Alckmin, foram obtidos recursos para início das obras da Linha 2, mediante financiamentos obtidos perante o BNDES, BID e BIRD. Sérgio afirmou, ainda, que apesar de haver tempo hábil para nova licitação e da recomendação do corpo técnico do Metrô neste sentido, o desejo do Governo e das empresas era de que o contrato fosse aproveitado. Lembra que naquela época Fábio Gandolfo, que estava conduzindo as negociações, uma vez que era o líder do consórcio (o qual contava com a Odebrecht- que tinha 2 lotes, a Andrade Gutierrez -1 lote e a Camargo Corrêa - 2 lotes), aproximou-se com a finalidade de que os contratos fossem mantidos sem nova licitação'.

"Fábio lhe ofereceu uma proposta ilícita, de cujo "negócio" o depoente resolveu participar, já tendo o próprio Fábio atribuído o valor de 0,5% relativo às propinas nos valores do contrato, proporcional ao faturamento de cada lote. Ele era interlocutor desse assunto dentro do metrô, mas não respondia pelo pagamento das outras empresas. Porém, assegurou que as demais empresas também respeitariam esse acordo", relata a juíza, sobre o depoimento de Brasil.

Sérgio Brasil ainda afirmou que '0,5% era equivalente a R$ 1,5 milhão em cada contrato, e que FÁBIO disse haver pagado tudo, tendo recebido durante 3 anos, em espécie, entregues pelo próprio Fábio'. "Os pagamentos eram realizados em diversos locais, às vezes no canteiro de obras, valores entre R$ 30 mil, R$ 40 mil e R$ 60 mil,mas também encontrou Fábio em restaurantes e faziam a transação dentro do carro após o almoço".

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A esse respeito, segundo a juíza, 'Sérgio Brasil forneceu não somente os contatos de todos os executivos com quem conversava na CNO, bem como todos os aditivos contratuais referentes à Linha 2 no Metrô-SP'. Além disso, Sérgio Brasil ofertou todos os seus extratos bancários, confirmando o efetivo recebimento de valores indevidos, que eram depositados em sua conta, na maioria das vezes por ele mesmo, uma vez que recebia os valores, em sua maioria, em dinheiro".

Brasil teria narrado o mesmo em relação às outras empreiteiras, até atingir a propina de R$ 4 milhões. Ele conta como driblou órgãos de fiscalização para que não detectassem a movimentação financeira. "A esse respeito, observo que, em sua colaboração, Sérgio Brasil afirmou que recebia o dinheiro e ia depositando em pequenas quantias nas suas contas correntes pessoais e de seus familiares, de modo a inibir qualquer tipo de fiscalização pelo COAF".

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