Por Julia Affonso, Fausto Macedo, Talita Fernandes, Beatriz Bulla e Ricardo Brito
O procurador-geral da República Rodrigo Janot garantiu categoricamente aos senadores, durante a sabatina a que é submetido nesta quarta-feira, 26, que não existe nenhuma possibilidade de fazer um acordão com empreiteiras que são alvo da Operação Lava Jato."Eu nego veementemente a possibilidade de qualquer acordo que possa interferir nas investigações", afirmou Janot, respondendo a uma indagação do senador Álvaro Dias (PSDB/PR) sobre supostas negociações entre os investigadores da Lava Jato e as empreiteiras que são investigadas por formação de cartel para assumir o controle de contratos bilionários da Petrobrás.
"Senador, há mais de 36 anos eu fiz opção pelo Direito, há 31 anos pelo Ministério Público. A essa altura da minha vida eu não deixaria os trilhos da atuação técnica do Ministério Público Federal para me embrenhar num processo que não domino e não conheço que é o caminho da política", disse Janot.
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O chefe do Ministério Público Federal foi taxativo. "Sou Ministério Público, penso como Ministério Público, ajo como Ministério Público. É o compromisso que eu assumo: não há possibilidade de qualquer acordão, como se diz por aí." Janot destacou que 'todo esse material (conteúdo da grande investigação) é inteiramente aberto ao conhecimento de todo cidadão brasileiro'.
"A atuação do Ministério Público passa a ser escrutinado por toda a sociedade, tudo está aberto, tudo", reiterou Rodrigo Janot.
"Ainda que eu quisesse fazer um acordo desses eu teria que combinar com os russos", disse o procurador-geral.
Ele lembrou que a equipe da Lava Jato é numerosa. "Tenho 20 colegas e um grupo de delegados muito preparados e profissionais da Polícia Federal. Mesmo que eu tivesse que fazer um acordo desses teria que combinar com os russos. É uma ilação impossível."
Rodrigo Janot está sendo sabatinado no Senado nesta quarta-feira, 26. Após vencer com folga a eleição do Ministério Público Federal, Rodrigo Janot foi indicado pela presidente Dilma Rousseff para ser reconduzido ao cargo de procurador-geral da República.
Seu nome ainda deve ser chancelado pelo Senado nesta quarta-feira e a expectativa é de que mesmo com 13 dos 81 senadores investigados na Lava Jato, apenas Fernando Collor (PTB-AL) adotará tom crítico ao procurador. Collor está sentado na primeira fila de senadores.