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Esteves era "plano B" para comprar silêncio de Cerveró, diz delator

Diogo Ferreira, ex-chefe de gabinete de Delcídio Amaral, confirma em depoimentos que banqueiro estava disposto a pagar despesas de ex-diretor da Petrobrás para evitar delação

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Por Fabio Fabrini , Beatriz Bulla e de Brasília
Atualização:

André Esteves. Foto: Fábio Motta/Estadão

Em depoimentos de delação premiada, Diogo Ferreira, ex-chefe de gabinete do senador Delcídio Amaral (ex-PT-MS, agora sem partido), disse que o banqueiro André Esteves, licenciado do Banco BTG Pactual, era o "plano B" do congressista para comprar o silêncio do ex-diretor da Petrobrás Nestor Cerveró. A colaboração do assessor, homologada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), reforça afirmações já feitas por Delcídio à Procuradoria-Geral da República (PGR).

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Diogo Ferreira contou que Delcídio ia a São Paulo uma ou duas vezes por mês para se encontrar com Esteves. Em algumas ocasiões, relatou, o senador disse a ele que o banqueiro estava preocupado com uma possível delação de Cerveró por conta de supostas irregularidades na compra de ativos da Petrobrás na África e em negócio com a BR Distribuidora, caso em que teria havido pagamento de propina ao senador Fernando Collor (AL).

O delator deu detalhes sobre uma conversa que teve com Delcídio, na qual trataram da necessidade de pagar os honorários de Edson Ribeiro, advogado de Cerveró. A estratégia de bancar o ex-diretor visava evitar que ele contasse o que sabia sobre a corrupção na Petrobrás. "Delcidio do Amaral comentou com Edson Ribeiro, na presença do depoente, em reunião havida em Brasília, além daquela gravada, que André Esteves seria o 'plano B' para efetuar o pagamento dos honorários de Edson Ribeiro", afirmou o assessor, conforme transcrição do depoimento feita pela PF.

Delcídio, o assessor dele, Ribeiro e Esteves foram presos em novembro por suspeita de tentar sabotar a delação de Cerveró, que poderia implicá-los. Eles foram soltos depois, mas permanecem submetidos a algumas restrições judiciais. Conforme a Procuradoria-Geral da República (PGR), a mando do ex-presidente Lula, que também temeria a delação, o senador teria montado um esquema para bancar despesas da família do ex-diretor, cujos bens e ativos estavam bloqueados.

Os repasses teriam sido feitos por um dos filhos de José Carlos Bumlai, amigo do ex-presidente, conforme delatou o ex-chefe de gabinete. O banqueiro teria se comprometido com Delcídio a dar R$ 50 mil mensais como forma de evitar que o BTG fosse citado na delação. Ele nega ter negociado ou feito pagamentos a Cerveró.

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Na delação, Ferreira disse que, após Cerveró iniciar sua colaboração com a Lava Jato, os pagamentos vindos do filho de Bumlai foram suspensos. Em outubro do ano passado, o advogado do ex-diretor cobrou em mensagem de telefone uma conversa com "A.E.", supostamente em referência s André Esteves. A agenda não teria sido marcada. "A intenção do Senador era não fazer o encontro de André Esteves com Edson Ribeiro, mas era verdade que André Esteves estava disposto a prover auxilio financeiro", contou Ferreira.

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