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Está difícil gerir os negócios em tempos de incerteza

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Por Mauricio Romiti
Atualização:
Mauricio Romiti. FOTO: DIVULGAÇÃO Foto: Estadão

Conforme os números de contágios por Covid-19 sobem e descem, seguimos -- nós, gestores -- sem saber quando virá um novo decreto determinando o fechamento do comércio. Por enquanto, podemos atender o público tanto presencial quanto virtualmente, mas... até quando? Após mais de um ano de pandemia, o desafio é encontrar a melhor forma de gerir um negócio em meio à incerteza e ao abre-e-fecha.

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As medidas sanitárias e de distanciamento social são, de fato, necessárias para o controle do vírus. Contudo, precisamos olhar também para os cidadãos: é de extrema importância que as pessoas possam continuar trabalhando, pois a grande maioria das famílias brasileiras depende dos empregos para ter o sustento no fim do mês. É imprescindível que prestemos atenção a isso também, juntamente às normas para a redução dos contágios.

Observando especificamente o setor de shopping centers, o que vemos não é apenas um estabelecimento individual, mas grandes empreendimentos que contam com inúmeras lojas, restaurantes e serviços e empregam, de acordo com a Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce), 998 mil pessoas em todo o Brasil. E aqui é que se mostra o principal desafio para as administrações: como gerir os centros de compras sem saber até quando poderão permanecer abertos?

A primeira coisa a se fazer é atentar-se para as finanças. Em primeiro lugar, as finanças dos lojistas: não podemos nos esquecer de que, além de aluguel, condomínio e fundo de promoção, os lojistas também têm compromissos com diversas despesas, dentre as quais a folha de pagamento. A venda atual permite que estes custos sejam cobertos? É necessário buscar equilíbrio entre o que é devido ao shopping e o que realmente é possível que o lojista pague, levando-se em consideração a sobrevivência de tantos pequenos varejistas que sustentam a indústria de shopping centers.

Em segundo lugar, é imprescindível revisitar o fluxo de caixa do shopping e identificar quais gastos podem ser reduzidos ou até mesmo cortados. O primeiro ano da pandemia nos ensinou que é possível diminuir imensamente os custos com mão de obra através de recursos tecnológicos, e é certo que isso irá se manter mesmo após a retomada completa das atividades: um exemplo é a adoção de sensores de movimento e monitoramento remoto por inúmeros shopping centers, o que reduz consideravelmente o headcount dos departamentos de segurança.

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Em seguida, é necessário se reinventar. Muitos setores vêm inovando e buscando soluções para continuar atendendo seus clientes, porém de uma forma diferente do convencional. No caso do setor dos shoppings, a transição para o digital já vinha acontecendo, mas de forma ainda bastante tímida. O que a pandemia fez foi impulsionar um movimento que já vinha se desenhando nos últimos anos, que é o foco nas compras digitais. O consumidor brasileiro se adaptou com facilidade ao e-commerce e, embora a experiência de ir fisicamente ao shopping tenha um apelo especial, os marketplaces se mostram uma boa saída para manter o índice de vendas das lojas.

Mesmo em condições normais, gerir um negócio -- seja um pequeno comércio ou um grande shopping center -- é sempre desafiador. O importante é que, mesmo em meio à toda a incerteza desse momento, possamos manter nossos negócios funcionando, garantir empregos aos colaboradores e contribuir para garantir a sustentabilidade da nossa economia, pois só assim poderemos retornar com toda a força quando tudo isso passar.

*Mauricio Romiti é diretor administrativo e financeiro da Nassau Empreendimentos

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