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"Espero que não seja por essa resposta minha que eu venha a ser condenado", afirma Lula

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou ter perguntado ao ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto se ele teria recebido propinas e disse ter recebido resposta negativa; por essa declaração, ele disse esperar 'não ser condenado' em processo em que é réu acusado de receber propinas da OAS

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Por Luiz Vassallo , Julia Affonso , Bruno Ribeiro e Ricardo Brandt
Atualização:

Lula. Foto: Reprodução

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, em depoimento à Justiça Federal, no âmbito de processo em que é réu acusado de receber propinas de R$ 3,7 milhões da OAS, que espera 'não ser condenado' por dizer que João Vaccari Neto negou a ele que esteve envolvido em propinas oriundas de contratos da Petrobrás. A resposta se deu em discussão entre o petista e um dos procuradores da República presentes na audiência.

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Inicialmente, o ex-presidente foi questionado por um dos procuradores sobre se chegou a perguntar ao ex-tesoureiro do PT a respeito das acusações contra ele sobre a arrecadação de propinas para o partido dentro da estatal. No entanto, nas primeiras questões sobre o tema, o petista não deixou claro se o fez ou não.

"Aprendi com vocês de que todo mundo é inocente até provar que é culpado. O Vaccari era tratado por mim como um dirigente do PT. E eu não conversava sobre finanças do PT porque eu não era da direção do PT", evadiu Lula.

O procurador, então, perguntou a Lula se ele não gostaria de responder a questão. "Não é que eu não gosto de responder. Sinceramente, não interessa se eu perguntei. Não é que eu não gosto de responder. Ele não devia explicações a mim. O PT não tinha que prestar contas pra mim sobre suas finanças".

"Para acabar nossa polêmica, vamos dizer: eu perguntei e ele disse que não. Está bem assim? Porque você precisava de qualquer jeito de uma resposta então eu estou dando. Ia ficar nesse trocadilho entre um procurador e um ex-presidente, então eu quero resolver isso. Espero que não seja por essa resposta minha que eu seja condenado", afirmou.

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A denúncia do Ministério Público Federal sustenta que Lula recebeu R$ 3,7 milhões em benefício próprio - de um valor de R$ 87 milhões de corrupção - da empreiteira OAS, entre 2006 e 2012. As acusações contra Lula são relativas ao recebimento de vantagens ilícitas da empreiteira por meio do triplex 164-A no Edifício Solaris, no Guarujá (SP), e ao armazenamento de bens do acervo presidencial, mantido pela Granero de 2011 a 2016. O petista é acusado de lavagem de dinheiro e corrupção.

Triplex. O Edifício Solaris era da Cooperativa Habitacional dos Bancários (Bancoop), a cooperativa fundada nos anos 1990 por um núcleo do PT. Em dificuldade financeira, a Bancoop repassou para a OAS empreendimentos inacabados, o que provocou a revolta de milhares de cooperados. O ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto foi presidente da Bancoop.

A ex-primeira-dama Marisa Letícia (morta em 2017) assinou Termo de Adesão e Compromisso de Participação com a Bancoop e adquiriu 'uma cota-parte para a implantação do empreendimento então denominado Mar Cantábrico', atual Solaris, em abril de 2005.

Em 2009, a Bancoop repassou o empreendimento à OAS e deu duas opções aos cooperados: solicitar a devolução dos recursos financeiros integralizados no empreendimento ou adquirir uma unidade da OAS, por um valor pré-estabelecido, utilizando, como parte do pagamento, o valor já pago à Cooperativa.

Segundo a defesa de Lula, a ex-primeira-dama não exerceu a opção de compra após a OAS assumir o imóvel. Em 2015, Marisa Letícia pediu a restituição dos valores colocados no empreendimento.

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Bens. A Lava Jato afirma que a OAS pagou durante cinco anos pelo aluguel de dez guarda-móveis usados para armazenar parte da mudança do ex-presidente Lula quando o petista deixou o Palácio do Planalto no segundo mandato. A empreiteira desembolsou entre janeiro de 2011 a janeiro de 2016, R$ 1,3 milhão pelos contêineres, ao custo mensal de R$ 22.536,84 cada.

Toda negociação com a transportadora Granero teria sido intermediada pelo presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto, que indicou a OAS como pagante com o argumento de que a empreiteira é uma "apoiadora do Instituto Lula." Para investigadores da Lava Jato, os fatos demonstram "fortes indícios de pagamentos dissimulados" pela OAS em favor de Lula. Isso porque o contrato se destinava a "armazenagem de materiais de escritório e mobiliário corporativo de propriedade da construtora OAS Ltda", mas na verdade os guarda-móveis atendiam a Lula.

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