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ESG e propriedade industrial: como a sigla tem afetado a relação entre marcas e consumidores

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Por André Provedel e Ana Clara Xavier
Atualização:
André Provedel. FOTO: DIVULGAÇÃO Foto: Estadão

Diante de um cenário global que aponta para enormes desafios envolvendo questões sociais, ambientais e de governança, lideranças e empresas de diferentes setores e tamanhos têm buscado colocar em prática alternativas para mitigar riscos e reduzir eventuais impactos negativos oriundos de suas atividades econômicas.

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Mais do que propor uma simples mudança, a crescente notoriedade do termo ESG indica a existência de um fenômeno global em curso, abrangendo compromissos com rígidos critérios socioambientais e princípios de governança. Antes da Covid-19 já era possível enxergar uma modificação de comportamento do consumidor ao adquirir um produto ou serviço, e de investidores, para definir se vale a pena aportar recursos em um negócio, mas as consequências da pandemia serviram para escancarar a necessidade de uma drástica mudança de paradigma para a recuperação social e econômica de cada país.

Buscar maior diversidade, ter responsabilidade social e ambiental e apoiar causas minoritárias. Todas essas ações correspondem a uma guinada em direção à vertente ESG. Com a letra "E", destaca-se o envolvimento com o meio ambiente e uma conscientização sobre sustentabilidade. Com a letra "S", chama-se a atenção para fatores sociais, como inclusão e diversidade, além da preocupação com a comunidade ao redor. E, por fim, com a letra "G", evidencia-se um cuidado dirigido à forma com que as empresas são administradas.

Em outras palavras, pode-se dizer que as estratégias de ESG são vistas hoje como grandes termômetros do envolvimento das empresas com as exigências da sociedade, sendo certo que tal aferição traz consequências internas e externas para diversos stakeholders. De um lado, os consumidores desejam que as marcas norteiem as necessárias mudanças no mundo. Por outro, o comprometimento efetivo com as pautas ambientais e sociais também tem ditado as decisões de muitos investidores.

Estudos de renomadas firmas de consultoria de gestão indicam que a maioria das pessoas que fazem parte das gerações Y (nascidas entre as décadas de 80 e 90) e Z (nascidas após a metade da década de 90 até os dias atuais) direcionam seu consumo para marcas que promovem iniciativas ESG. Esse aspecto ganha especial contorno de relevância, uma vez juntas elas representam aproximadamente dois terços da população mundial.

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Com os consumidores cada vez mais informados e preocupados com a intensificação dos problemas sociais e ambientais, a busca por marcas com significado não para de crescer. As empresas estão reinventando seus produtos e serviços, com o objetivo de gerar valor compartilhado e estreitar a relação marca-consumidor como nunca se viu.

Portanto, não foi mero acaso: a pandemia serviu de catalisadora para que a iniciativa privada se tornasse mais responsiva à agenda ESG, pressionando as empresas a adotarem uma abordagem de gestão de ativos que reconhece explicitamente a relevância de fatores ambientais, sociais e de governança.

Alguns dos movimentos capitaneados por grandes empresas nesse período foram doações de equipamentos médicos para hospitais públicos, álcool em gel, máscaras faciais, colchões e alimentos. Por sua vez, a médio e longo prazo, a crise sanitária global expôs a necessidade de uma intensificação da política ESG, com a consolidação de mudanças estruturais no ecossistema das empresas e no posicionamento de suas marcas.

Portanto, não há dúvida de que as iniciativas ESG ganharão cada vez mais adesão entre empresários e investidores, propiciando uma verdadeira revolução na gestão dos negócios. Isso certamente também inclui o universo das marcas e de outros ativos intangíveis, pois gera um incentivo para que as empresas adotem formas de ofertar produtos e serviços mais alinhados aos interesses dos consumidores, de modo que valores ambientais, sociais e humanos sejam equiparados aos valores financeiros tradicionalmente perseguidos.

Em tempos de "cultura do cancelamento", em que os consumidores demandam cada vez mais transparência e ética das empresas em questões sensíveis como sustentabilidade, responsabilidade social e combate à corrupção, os princípios ESG despontam como paradigmas fundamentais para alinhar a relação dos consumidores com as marcas e os objetivos das empresas.

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*André Provedel, associado de IPTech do Trench Rossi Watanabe; Ana Clara Xavier, estudante de Direito pela FVG Rio

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