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ESG é ponto de partida para um novo tempo

Por Guilherme Athias
Atualização:
Guilherme Athias. FOTO: DIVULGAÇÃO Foto: Estadão

A pandemia, em momento algum, pode estar longe do foco de atenção dos governantes e dos gestores de grandes, médio e pequenos negócios. Ninguém pode fugir das responsabilidades. As lideranças têm o dever de decidir sobre questões que envolvem as diversas partes interessadas - obrigação que tornou cada vez mais necessária depois da Covid-19. Desemprego, desigualdade social, educação, trabalho são temas essenciais, mas o olhar dos gestores deve atingir também horizontes mais distantes a respeito de outros temas de igual importância. Nada dá para ignorar mais assuntos relacionados, por exemplo, à sustentabilidade, à preservação do clima, aos princípios éticos e respeito ao semelhante.

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Aos empresários, cabe a responsabilidade de se posicionar agora se mantêm o status quo que maximiza o lucro de curto prazo, em detrimento da redução das emissões de efeito estufa, poluição, uso de água, diversidade, equidade e inclusão, ou se, em vez disso, implementam mudanças efetivas. É urgente e fundamental que as empresas escutem e reajam às demandas de seus stakeholders - pessoas e as organizações que podem ser afetadas de maneira direta ou indireta. Assim como o efeito disruptivo que as novas tecnologias (big data, inteligência artificial e a Internet das coisas) influenciam, em inúmeros aspectos, o cotidiano e a gestão das empresas.

No atual contexto global, as forças motrizes que moldam o novo ecossistema de negócios, estão definidas por uma sigla que conquista cada mais espaço na mídia e na agenda de empresário comprometidos com o futuro: ESG - Ambiental (Environmental), Social e Governança. Essas três letras, porém, são apenas a ponta de um imenso iceberg que deve revolucionar completamente o modelo tradicional do capitalismo. Esse movimento de transformação, chamado de Capitalismo de Stakeholders, promete passar da maximização dos lucros para a ampliação dos investimentos em ações e programas ambientais, sociais e éticos imediatos, atendendo às demandas de clientes, colaboradores, investidores, governos, comunidades e pessoas. Essa deve ser a nova ordem mundial. Como retorno, as organizações aumentarão a competitividade, reduzindo os custos de investimento, promovendo a fidelidade dos clientes e a percepção de valor, atraindo e retendo talentos, além de instituir credibilidade social e política.

Mais um fator importantíssimo que deve ser levado em conta nessa nova ordem mundial, o estudo anual Edelman Trust Barometer 2021, divulgado em janeiro, revelou uma epidemia de desinformação e desconfiança generalizada de instituições sociais e de líderes em todo o mundo. Somando-se a isso está um ecossistema de confiança em queda, incapaz de enfrentar o "infodêmico" galopante, deixando as instituições - empresas, governo, ONGs e mídia - envolvidas em uma precária atmosfera de informações, em que será preciso reconstruir a confiança e traçar um novo caminho a seguir.

Quando o governo está ausente, as pessoas esperam que as empresas entrem e preencham esse vazio, que as forças produtivas da nação se posicionem para enfrentar e resolver os desafios que nunca foram tão aparentes. Para transformar boas intenções em realidade, a cultura e a estrutura organizacional precisam evoluir. Imagina-se que os CEOs abandonem a posição de conforto e enfrentem as demandas urgentes no engajamento social com o mesmo rigor, empenho e energia usadospara gerar lucros.

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*Guilherme Athia é CEO da Gui Athia & Partners e professor do Leadership Academy ESPM. Foi vice-presidente da Nike (Europa, Oriente Médio e África) e diretor da área Estatutária da Renault no Mercosul

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