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ESG e infraestrutura: parceria vital para o crescimento do Brasil

Por Filipe Monteiro
Atualização:
Filipe Monteiro. FOTO: DIVULGAÇÃO Foto: Estadão

O ESG (Environmental Social Governance) e a infraestrutura são dois pilares essenciais para o crescimento do nosso país e que podem sinalizar, mediante seu sucesso ou seu fracasso, em que patamar de desenvolvimento o Brasil estará ao final desta década.

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Uma luz no fim do túnel é como o governo enxerga a temática da infraestrutura no País. Apertado pelos altos níveis de endividamento interno e pelo impacto da Covid-19 nas contas públicas, o governo se volta à pauta de avanço da infraestrutura para alavancar a economia por meio da geração de empregos e oportunidades para uma grande massa de trabalhadores, além de colher o benefício do desenvolvimento estrutural para o País.

Essa solução não é novidade, mas aliada à intenção do governo de manter o teto de gastos, sinaliza, desta vez, que deverão recorrer mais às concessões e privatizações, dando suporte para que a iniciativa privada entre com os investimentos necessários e propicie esta retomada na economia. Como benefícios desta agenda, não teremos apenas a geração de novos empregos e a retomada da economia, como também a diminuição da defasagem nacional de infraestrutura de qualidade, que, inegavelmente, necessita dar este passo para se desenvolver e assumir de fato um papel relevante na economia global.

A partir da premissa de que os investimentos privados serão o motor desta retomada, é bom lembrar da tendência crescente dos quesitos ESG entre os grandes "players" de investimento ao redor do mundo. Pensando na governança, a evolução dos marcos e dos ajustes regulamentares, como o do saneamento, por exemplo, traz transparência nas regras e segurança para os investidores se voltarem ao Brasil.

Ainda sob o prisma da governança, a evolução na elaboração e gestão dos projetos de capital como tomada de decisão sobre os investimentos, englobando a gestão de riscos ao longo do projeto, são vitais para mitigar fraudes, desvios de dinheiro, atrasos nas entregas e valor final dos investimentos, o que, consequentemente, impacta no retorno para os investidores. Sob a ótica do meio ambiente, é preciso estar atento a projetos na área de infraestrutura que possuam uma pegada sustentável. Dando um recado claro para as grandes empresas deste setor: é preciso que se reinventem e atuem com foco em transparência e engajamento socioambiental.

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O potencial de oportunidades nesta frente ambiental é imenso: reaproveitamento de resíduos sólidos, gestão de recursos hídricos, utilização de matriz energética variada, entre outros. Em termos de emissão de títulos de dívidas verdes, mais conhecidos no mercado como green bonds ou captação de recursos para projetos com apelo ambiental, trata-se de crédito disponível em grande quantidade, considerando volume e valor.

Quando pensamos em projetos referentes a saneamento básico remete-se ao tratamento de esgoto, diminuindo o impacto no meio ambiente e melhorando a vida e saúde da comunidade, ou outro exemplo seriam projetos de energia eólica, que previnem o alagamento de uma ampla área verde em substituição às hidrelétricas. Logo, projetos com forte apelo social e ambiental e que facilmente se enquadram nas características para acesso à modalidade dos green bonds.

Por fim, e não menos importantes, estão as questões sociais. Os investidores não vão se associar a empresas que têm como parceiras de negócios corporações que compactuam com trabalho análogo ao escravo ou infantil, não atuem sob as melhores práticas de saúde e segurança no trabalho e apresentem casos conhecidos de preconceito ou discriminação. Nestes temas, é imprescindível a parceria e vigilância com a cadeia de terceiros pela empresa para conhecer com quem estão fazendo negócios e não permitir que práticas de terceiros influam negativamente na imagem da companhia.

O recado para investidores e empresas relacionados à área de infraestrutura no Brasil é que, nos próximos anos, os desafios são enormes, mas, na mesma proporção, haverá oportunidades. O apoio do desenvolvimento tecnológico permitirá uma maior eficiência dos processos neste segmento, bem como a inclusão da temática ESG trará maior transparência e cultura de risco para os processos, além de foco no valor para todas as partes interessadas.

*Filipe Monteiro, gerente na ICTS Protiviti

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