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ESG, a nova força do investimento responsável e lucrativo

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Por Vitor Bidetti
Atualização:
Vitor Bidetti. FOTO: DIVULGAÇÃO Foto: Estadão

A sigla ESG passou a ser a mais citada pelo mercado financeiro e também nos demais segmentos da economia nos últimos meses e a tendência é que ela atraia ainda mais atenção daqui por diante. As três letras têm origem na língua inglesa e significam a prioridade que as companhias devem dar aos parâmetros ambientais (o "E" de enviroment ou meio ambiente em Português), sociais e de governança como base para seus negócios.

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No início deste ano, a sigla mereceu atenção especial no Fórum Econômico de Davos e logo em seguida ganhou o status de tema prioritário global, graças a manifestações das maiores instituições financeiras do mundo, as quais alertaram para a importância de levar em conta esses parâmetros para atrair investidores.

Com a pandemia do Covid-19 esses temas ganharam ainda mais relevância e no Brasil não foi diferente: os maiores bancos, além de companhias de diferentes portes e setores, passaram a chamar a atenção para o ESG (ou ASG, na sigla em Português). A B3 e a S&P Dow Jones anunciaram recentemente o lançamento do "Índice S&P/B3 Brasil ESG" e a CVM (Comissão de Valores Mobiliários) constatou que "os reguladores de todo o mundo analisam a agenda ESG".

Diante desse quadro, fica evidente em primeiro lugar que não se trata de uma "onda" - os parâmetros ESG vieram para ficar e sua importância só tende a crescer. E não apenas por uma questão de responsabilidade social e de sustentabilidade, mas também porque está se tornando cada vez mais claro que ESG é um ótimo negócio.

Em primeiro lugar, as companhias que agem dentro dos padrões corretos quanto ao meio ambiente, social e governança são as que têm atraído mais investimentos. Fica a cada dia mais difícil atrair aplicações de recursos quando não se seguem esses parâmetros.

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Mas não para por ai. Quem trabalha no mercado financeiro e está atento às mudanças percebe que os parâmetros ESG se tornaram, nos últimos anos, um fator de rápida e expressiva valorização dos ativos. É por isso que os investimentos ESG no mundo (aqueles que seguem os princípios de investimento responsável) somam nada menos que US$ 86 trilhões em ativos. Além disso, já são 2.400 signatários que seguem os princípios de aplicações

responsáveis, que foram estabelecidos pelo PRI (Principles of Reponsible Investment), a maior ONG do mundo na defesa dessas aplicações, que conta com o apoio da ONU.

Outro destaque desses investimentos é o desempenho dos "títulos verdes" (ou green bonds em Inglês), similares aos demais títulos de dívida, mas com uma grande e importante diferença: os recursos obtidos pelos "verdes" destinam-se exclusivamente a financiar investimentos que sejam sustentáveis, como redução das emissões de carbono, energia limpa e preservação ambiental, entre vários outros. O valor das emissões desses títulos no Brasil já supera R$ 24 bilhões, em mais de 23 operações.

Claro que nessa busca por ativos ESG os fundos imobiliários não poderiam ficar de fora. A Integral BREI constituiu o primeiro desses fundos no Brasil e vários outros participantes caminham nessa direção. Trata-se da incorporação desses conceitos em um dos segmentos mais promissores do mercado financeiro: este ano, mesmo com todo o impacto da pandemia do coronavírus, já foram feitas 48 ofertas públicas de fundos imobiliários, o que representa um crescimento superior a 40% na comparação com 2019. Até agosto deste ano havia nada menos que 269 FIIs listados na B3 e mais de 1 milhão de investidores pessoas físicas nesse segmento, crescimento de aproximadamente 60% em relação a dezembro do ano passado.

Quando se fala na captação de recursos estrangeiros para o País, o ESG também tem papel importante. O Brasil perdeu seu grau de investimento (investment grade) e sem esse "selo" muitos dos maiores investidores globais deixaram de fazer aplicações no mercado brasileiro porque suas políticas de investimento não permitiam. Mas quando se trata de aplicações "verdes" o acesso desses gigantes ao nosso mercado está liberado, o que tem potencial de atrair bilhões de dólares para cá.

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A ascensão do ESG tem representado, portanto, um típico exemplo em que se cria uma situação "ganha-ganha". Além de ser benéfico para os países e para todo o planeta, tem trazido resultados financeiros positivos para as empresas. E o potencial de crescimento é enorme no Brasil, onde o investimento dentro de parâmetros ambientais, sociais e de governança ainda engatinha. Temos, portanto, muito a fazer. A boa notícia é que as iniciativas já começaram e os resultados têm mostrado que vamos seguir rapidamente nessa trilha que tem se mostrado tão exitosa.

*Vitor Bidetti é CEO da Integral BREI

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