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Escritor português revela em livro segredos dos principais serviços secretos do mundo

As agências secretas só aparecem quando fracassam na sua missão de espionar, deixando de alguma forma que seus movimentos se tornem públicos. Quando bem sucedidas, em regra, é o governo para o qual trabalham que colhe os louros. Afinal, espião que é espião reporta-se ao chefe, não à imprensa. A constatação é do escritor português José-Manuel Diogo, que reconstruiu a história dos nove serviços secretos apontados como os mais eficientes do planeta. E, desse trabalho de pesquisa documental, bibliográfica, além de entrevistas com a velha guarda da arapongagem - cujos nomes foram mantidos sob sigilo -, surgiu o livro AS GRANDES AGÊNCIAS SECRETAS - Os segredos, os êxitos e os fracassos dos serviços secretos que marcaram a história.

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Foto do author Fausto Macedo
Por Fausto Macedo
Atualização:

O lançamento será realizado neste domingo, 13, no Rio, e na próxima terça feira, 15 de outubro, em São Paulo

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Ao longo de 350 páginas, a obra traz informações como a firme disposição da CIA de envenenar o ditador cubano Fidel Castro: "Desmond Fitz Gerald fazia uma equipe fantástica com o imaginativo Edward Lansdale, tendo ponderado, em plena crise dos mísseis, usar o fanatismo de Fidel Castro pela pesca submarina em favor da CIA, contaminando-lhe os cilindros de oxigênio com um fungo mortal ou equipando um búzio com explosivos para que, quando Fidel Castro pegasse nele, por baixo de água, lhe estourasse na cara".

A obra mostra cálculos errados dos americanos que trouxeram consequências desastrosas: "Quando a agência adverte a Casa Branca de que a situação de guerra civil no Ruanda poderia escalar para uma das maiores tragédias desde o Holocausto, e que os EUA deviam fazer algo quanto a isso, Bill Clinton ignorou o alerta, recusando-se a atuar mais em países do Terceiro Mundo, como o Ruanda, a Somália, o Sudão ou o Afeganistão. Uma decisão que, a médio prazo, se revelaria tragicamente errada."

"A KGB surgiu após a Segunda Guerra Mundial, sendo a agência de informação e segurança da antiga União Soviética, com a missão de atuar como a polícia secreta do governo durante a Guerra Fria. E vamos lembrar que nessa época a arapongagem não estava na era digital e a criptografia era rudimentar, certo? Então, os agentes do NKVD (Comissariado do Povo para Assuntos Internos), o precursor da KGB, os agentes russos fizeram uma codificação própria para despersonalizar suas vítimas: as mulheres grávidas eram tratadas nos documentos por 'livros', as mulheres com filhos por 'recibos', os homens por 'contas', um grupo de detidos por 'quota'' e cada um deles, individualmente, por 'preso'".

Sanguinários, esses agentes mantinham cotas de fuzilamento, destaca o texto de "AS GRANDES AGÊNCIAS SECRETAS". "Não raro, escreviam a Lênin perguntando se podiam ultrapassar em "algumas" centenas a meta que lhes fora previamente estabelecida."

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Há o caso conhecido de um protagonista que costumava usar um avental de couro preto para evitar se sujar com o sangue das vítimas diante do paredão. Era Vasili Blokhin o seu nome.

Em uma panorâmica, o leitor vai ter ao menos uma amostra, além de CIA e KGB, sobre o MI6, serviço de informação e inteligência encarregado de dirigir as atividades de espionagem no Reino Unido; e a Mossad, criada em 1951 para assegurar o futuro do Estado de Israel, estabelecida numa região instável e conflituosa.

O trabalho de José-Manuel Diogo mira as nações árabes e organizações em todo o mundo. "A DGSE é a agência de inteligência francesa, considerada apenas o último degrau de uma longa escada que, de uma forma ou de outra, tem influenciado a História da Europa e do mundo, desde os tempos de Napoleão Bonaparte até Charles de Gaulle. O MSS corresponde aos serviços secretos chineses, ou pelo menos a maior aproximação chinesa ao que no Ocidente costumamos entender como uma agência de inteligência e espionagem. O RAW, que atua como os serviços secretos indianos, não pode ser considerado sem que se mencione também seu grande rival e vizinho, o Inter-Services Intelligence (ISI), cujas atividades concentram-se em espionarem-se mutuamente."

O escritor português faz uma ressalva. "O resultado da atuação das agências secretas desperta mais dúvidas do que certezas. O SIS é um dos serviços de informação de Portugal, fundado em 1984. Sua missão é a produção de informações úteis à segurança interna e a prevenção de atos que possam alterar ou destruir o Estado de Direito constitucionalmente estabelecido. Tal como em 2004, a Al-Qaeda continua a dominar as atenções do SIS, e de muitas outras agências secretas, não obstante a morte de Osama Bin Laden. E isto porque a ameaça do terrorismo islâmico é real. Daí a importância de um bom serviço de informações e da efetiva coordenação entre os vários serviços de inteligência."

No Brasil, AS GRANDES AGÊNCIAS SECRETAS é publicado pela Via Leitura, um novo selo da Edipro especialmente para suas obras de caráter histórico e jurídico.

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