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Ensinar a desaprender

Por Cassio Grinberg
Atualização:
Cassio Grinberg. FOTO: DIVULGAÇÃO Foto: Estadão

Sabe-se que o empreendedorismo tem relação direta com o crescimento de um país e, ainda assim, por que mesmo em regiões desenvolvidas ele é pouco estimulado no ambiente de aprendizagem?

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Michael Dell, em plena faculdade de Medicina, se interessou mais pela anatomia de computadores do que pela de corpos. 'Comporte-se melhor, ou você terminará vendendo hambúrgueres', disse uma professora do High School a Jerry Murrell, fundador do Five Guys.

À exceção de instituições como Stanford, ensino e empreendedorismo muitas vezes trafegam em vias opostas, justamente pelo desestímulo ao desaprender. Enquanto os currículos escolares tentam nos convencer a aprender pelo prisma de "como as coisas vem sendo feitas", a vida prática dos dias atuais tenta nos convencer justamente do contrário.

Ela sugere que devemos: 1) Encontrar um problema que significa algo. Um problema que precisamos solucionar. Se ele for um problema de muitos, maior a chance de um negócio escalar, embora o critério não precise ser este. 2) Desaprender sobre ele. Pensar sim em como as "coisas vêm sendo feitas". Mas, de modo incremental, passar a desconstruí-las até um patamar em que haja espaço para aprender de novo.

Pense como os unicórnios: ao querer resolver o problema do transporte ineficiente e caro, o Uber precisou desaprender sobre ele para criar um novo modelo, enquanto os táxis se recusaram. Ao querer resolver o problema da hospedagem impessoal e cara, o Airbnb precisou desaprender sobre "como as coisas eram feitas", enquanto os hotéis se recusaram. Ao querer resolver o problema da experiência maçante e demorada de ir ao supermercado, o Instacart precisou desaprender sobre esse processo, enquanto os supermercados estão se recusando. A Lego está disposta a não ter mais peças plásticas até 2030: decidiu desaprender para não desaparecer.

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Deveríamos, no fim das contas, ensinar que desaprender é como como cortar as unhas: a gente precisa fazer frequentemente. Principalmente com o passar dos anos, quando a caixa enche até quase transbordar.

*Cassio Grinberg, economista e consultor de empresas

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