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Engenharia 4.0

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Por Arthur Costa Sousa
Atualização:
Arthur Costa Sousa. FOTO: DIVULGAÇÃO Foto: Estadão

O antigo clichê do engenheiro como um profissional estritamente racional, técnico e sem habilidades relacionadas à área de Humanas está ficando para trás. O engenheiro de hoje necessita também de agilidade, análise crítica e sistêmica, flexibilidade e controle emocional para avaliar os cenários e enxergar as melhores alternativas para cada situação. Para tanto, características essencialmente humanas como adaptabilidade, criatividade, comunicação, inovação, influência e comportamento ético são fundamentais.

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Diante disso, o Conselho Nacional de Educação (CNE) tomou a iniciativa de revisar as Diretrizes Curriculares Nacionais dos cursos de graduação em Engenharia. Iniciado em 2018, esse processo busca adequar a formação em Engenharia às demandas contemporâneas (e futuras) da sociedade, da economia e do meio ambiente.

Na última década, a 4ª Revolução Industrial impactou drasticamente a forma como vivemos, trabalhamos e nos relacionamos. Alcançamos um grau de conectividade nunca experimentado. Temos hoje uma tempestade de dados gerados com a computação quântica, a Big Data, a Internet das Coisas, a inteligência artificial, o deep learning e a robótica - que se retroalimentam, proporcionando uma evolução contínua. Tudo passa a estar interligado num enorme ecossistema. A mudança foi acelerada de uma forma como jamais havíamos presenciado, transformando a inovação e a disrupção em premissas permanentes em todos os aspectos da vida. É uma mudança de paradigma, não apenas mais uma etapa do desenvolvimento tecnológico.

Nesse contexto complexo e dinâmico, percebeu-se que é necessário transcender o caráter técnico que se tinha até agora nos cursos de formação superior de Engenharia.  A estrutura atual parte de um conjunto obrigatório de conhecimentos específicos, com foco na avaliação de aspectos factuais, conceituais e procedimentais. No novo modelo, as universidades passam a pensar a formação não a partir do conteúdo técnico, mas das competências necessárias ao engenheiro para que ele atue proativamente na proposição de soluções inovadoras aos desafios que se impõem no dia a dia da profissão.

Não se trata de menosprezar o conhecimento técnico, mas de garantir um olhar holístico, multidisciplinar e abrangente a esse novo profissional. Essa mudança vem em linha com a valorização das habilidades comportamentais (as soft skills) que já presenciamos no ambiente empresarial hoje. Significa aliar à parte técnica as habilidades necessárias para a sua utilização e os comportamentos essenciais neste novo cenário que vivenciamos atualmente.

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Para garantir que as novas Diretrizes Curriculares Nacionais norteiem os cursos de graduação de Engenharia para o atendimento a esse novo perfil profissional, o CNE convidou representantes de entidades ligadas ao setor para opinar e participar da elaboração do documento. Entre essas entidades estão a Associação Brasileira de Educação em Engenharia (Abenge), o Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea) e a Confederação Nacional da Indústria (CNI) através da MEI - Mobilização Empresarial pela Inovação.

O produto desse esforço conjunto está sendo lançado agora na forma de um guia de apoio à implantação das DCNs nas universidades. Daqui para a frente, caberá às instituições de ensino introduzir essas mudanças em suas grades, efetivando na prática o que foi proposto conceitualmente.

O engajamento da MEI nesse trabalho simboliza um movimento de colaboração direta do setor empresarial com o meio acadêmico. Essa parceria proporciona um olhar preciso e fundamentado sobre as necessidades reais que se apresentam no desempenho das atividades de Engenharia, com foco em inovação. As universidades se beneficiam da experiência prática fornecida pelas empresas, e as empresas se beneficiam com a formação de profissionais prontos para atuar de forma eficiente no contexto contemporâneo. É um jogo em que todos ganham.

Esse novo profissional é uma peça-chave para que haja uma maior entrega de valor na engenharia e na infraestrutura. Enquanto não vem essa próxima geração, as empresas têm que liderar esse movimento, atuando como agentes da mudança na engenharia que já está aí, formada e ativa no mercado. Um desafio e uma responsabilidade para nós.

*Arthur Costa Sousa é vice-presidente de Engenharia da Concremat

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