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Empresário repete acusações a Witzel e cita reunião com Mandetta

Edson Torres prestou depoimento nesta quarta-feira, 13, ao Tribunal Especial Misto responsável pelo processo de impeachment contra o governador afastado do Rio

Por Fabio Grellet/RIO
Atualização:

O empresário Edson Torres, que confessou à Justiça ter participado de desvios de verba durante a gestão do governador afastado do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), prestou depoimento nesta quarta-feira, 13, ao Tribunal Especial Misto responsável pelo processo de impeachment contra o governador afastado. Torres reafirmou acusações de corrupção contra Witzel e mencionou uma reunião entre o então ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, e o então secretário estadual de Saúde do Rio, Edmar Santos, em que teria sido feito um pedido para que uma entidade que gerenciava um hospital estadual e era alvo de muitas reclamações não fosse afastada da função. Witzel nega as acusações. Procurado, Mandetta não se manifestou sobre essa suposta reunião.

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"No início de 2019, falávamos da incapacidade de gestão do Iabas no (Hospital Estadual) Adão Pereira Nunes, que seria necessário retirá-lo. Depois de 15 dias, (o então secretário estadual de Saúde) Edmar voltou de uma reunião em Brasília com o (então) ministro Mandetta. Ele disse que lá, no gabinete do Mandetta, foi apresentado ao (Roberto) Bertholdo (advogado do Iabas), e que pediu para poder fazer uma gestão para manter o Iabas", disse Torres.

O empresário Edson Torres foi ouvido por vídeo no Tribunal Especial Misto. Foto: Reprodução

O Estadão procurou o ex-ministro Mandetta para ouvir sua versão a respeito da afirmação de Torres, mas até a publicação desta reportagem ele não havia se manifestado. A reportagem não conseguiu localizar representantes de Roberto Bertholdo, que foi preso durante a Operação Tris In Idem, realizada em agosto de 2020 e que afastou Witzel do cargo.

Os problemas na administração do Hospital Adão Pereira Nunes, gerenciado pelo Iabas, foram denunciados por vários profissionais, e mesmo assim a organização social foi escolhida sem licitação, no início da pandemia de covid-19, para gerir sete hospitais de campanha, recebendo por isso R$ 835,8 milhões.

Segundo Torres, a entidade não participava de esquema de corrupção antes disso, mas após a contratação para gerenciar os hospitais de campanha ela seria procurada para ingressar no esquema. O empresário diz ter ouvido essa informação do então secretário Edmar Santos. "Na época ficou acertado que iria conversar com o Iabas para uma possível participação de propina neste grande contrato. Logo depois eu adoeci e fiquei afastado. Quando voltei, tudo estava sendo falado pela imprensa", disse nesta quarta-feira.

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Witzel é acusado de envolvimento nas fraudes para a contratação do Iabas. Após problemas na construção dos hospitais de campanha, ele afastou a entidade da gestão dessas unidades de saúde, e nega ter participado de qualquer esquema de corrupção.

Processo. O processo de impeachment contra Witzel, que começou em novembro de 2020, teria que terminar até maio próximo, mas o prazo está interrompido porque o governador afastado precisa ser ouvido, e ele só quer falar depois de conhecer os termos da delação premiada firmada pelo seu ex-secretário de Saúde Edmar Santos. O conteúdo dessa delação, no entanto, ainda não liberada para conhecimento público pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ). Por enquanto não há previsão para que o processo contra Witzel termine.

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