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Empresário filmado com dinheiro confirma pagamentos a irmão de Richa

Celso Frare informou à Justiça que quer entregar um cheque de R$ 971 mil com valor corrigido do montante que teria sido pago a Pepe Richa e ao delator Tony Garcia

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Por Julia Affonso
Atualização:

 Foto: Reprodução

O empresário Celso Frare, preso na Operação Radiopatrulha, confirmou à Justiça ter feito pagamentos a Pepe Richa, irmão do ex-governador do Paraná Beto Richa (PSDB), candidato ao Senado. Frare declarou aos promotores do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), braço do Ministério Público do Paraná, que não sabia 'precisar as datas em que os pagamentos eram realizados'.

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Celso Frare aparece em um vídeo entregue pelo empresário Antônio Celso Garcia, o Tony Garcia, delator da Radiopatrulha. As imagens mostram repasse de dinheiro vivo efetuado por empresários ao 'núcleo político' da organização, da qual Richa seria o chefe, segundo os promotores do Gaeco.

Nesta sexta-feira, 14, a defesa de Frare enviou um ofício à Justiça, no qual relata que o empresário expôs ao Gaeco 'toda a verdade' e confirmou pagamentos para Tony Garcia e Pepe Richa.

"Extrai-se das declarações prestadas por Tony - o qual, frise-se, possui credibilidade duvidosa pelo seu caráter biltre e chantagista - que teriam sido realizados pagamentos na ordem de R$ 200 mil, R$ 300 mil e R$ 220 mil, os quais teriam se iniciado 'no máximo quinze (15) dias depois da primeira fatura paga'", afirmou a defesa do empresário.

"Conforme dito, é desejo do peticionário (Frare) que a verdade venha a lume, sendo que, desde já, fará o depósito do valor tido como dano. Em razão do transcurso de tempo e da ausência de memória sobre as datas dos pagamentos, será calculado o montante indicado por Tony devidamente corrigidos, resultando no valor de R$ 971.196,70."

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Este é o valor corrigido da quantia. Originalmente, eram R$ 720 mil, em 1.º de setembro de 2013.

Candidato ao Senado nas eleições 2018, Beto Richa foi preso na terça-feira, 11, pela Operação Radiopatrulha, do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), braço do Ministério Público do Paraná. O tucano foi solto pelo ministro Gilmar Mendes, do Supremo, nesta sexta-feira, 14.

O ex-governador também foi alvo da Lava Jato, que fez buscas em sua residência no mesmo dia da prisão. A Lava Jato suspeita de ligação do tucano com recebimento de propinas da Odebrecht, que teria sido favorecida em contrato de duplicação da PR-323, no interior do Paraná.

Na Operação Radiopatrulha também foram presos Fernanda Richa, mulher do tucano, Pepe Richa, irmão dele, e Deonilson Roldo. As prisões estão relacionadas a investigações sobre supostos desvios de verbas no Programa Patrulha do Campo, para manutenção de estradas rurais entre 2012 e 2014.

Segundo este inquérito, há indícios de direcionamento de licitação para beneficiar empresários e pagamento de propina a agentes públicos, além de lavagem de dinheiro e obstrução da Justiça.

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Em entrevista ao Estadão, o empresário Antônio Celso Garcia, o Tony Garcia, delator que levou Beto Richa para a cadeia, estimou que o tucano tenha recebido 'entre R$ 400 milhões e R$ 500 milhões' em propinas e caixa 2 nas campanhas eleitorais. Na avaliação do delator, a corrupção se instalou no governo Beto Richa 'tão idêntica quanto a do Lula, como do Sérgio Cabral'.

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