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Empresa de Dirceu era recebedora de pixuleco, aponta Lava Jato
"Em todo tempo até hoje não há sequer uma comprovação de serviços prestados pela JD", segundo o delegado da Polícia Federal Márcio Anselmo
Por Redação
Atualização:
Por Ricardo Brandt, enviado especial a Curitiba, Julia Affonso e Fausto Macedo
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A empresa de consultoria do ex-ministro José Dirceu, preso nesta segunda-feira, 3, na 17ª fase da Operação Lava Jato, era uma recebedora de "pixuleco", uma referência usada à propina usada por investigados no esquema de corrupção na Petrobrás e que serviu para batizar a operação. "A JD era um central de recebimento de pixuleco", declarou o delegado da Polícia Federal Márcio Anselmo, referindo-se àJD Assessoria e Consultoria, empresa do ex-ministro.
"Em todo tempo até hoje não há sequer uma comprovação de serviços prestados pela JD", afirmou.
Dirceu: de homem de confiança do governo a condenado e preso por corrupção
1 / 22Dirceu: de homem de confiança do governo a condenado e preso por corrupção
1981 - Após a fundação do PT
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1984 - Dirceu deputado
Dirceu candidata-se ao governo do Estado de São Paulo - termina em terceiro lugar - depois de ser eleito deputado estadual (1986) e deputado federal (... Foto: Manu Dias/EstadãoMais
1995 - Presidência do partido
Assume apresidência nacional do PT, cargo para o qual é reeleito por três vezes. Na última delas, em 2001, Dirceu é escolhido diretamente pelos filiad... Foto: Robson Fernandjes/EstadãoMais
2002 - Homem de confiança de Lula
Um dos responsáveis pelo pragmatismo político que levou à vitória de Lula na campanha à Presidência em 2002, Dirceu deixa o comando do PT e se torna c... Foto: EstadãoMais
2003 - Casa Civil
O “homem forte do governo” licencia-se da Câmara dos Deputados para assumir a função de ministro-chefe da Casa Civil. No cargo, tenta fechar um acordo... Foto: Robson Fernandjes/EstadãoMais
2004 - Denúncia de Waldomiro Diniz
Denúncia de propina derruba Waldomiro Diniz, subchefe de Assuntos Parlamentares, homem de confiança de Dirceu. O assessor foi exonerado após suspeita ... Foto: Dida Sampaio/EstadãoMais
2005 - O início do Mensalão
Dirceu deixa a Casa Civil após o deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) denunciar o pagamento no governo Lula de “mesada” por parte do PT a parlamentares... Foto: Dida Sampaio/EstadãoMais
2013 - Condenação pelo Mensalão
Um ano depois de ser condenado pelo Supremo pelos crimes de corrupção e formação de quadrilha, cuja pena é de 10 anos e 10 meses de detenção, Dirceu é... Foto: Alex Silva/EstadãoMais
2014 - Prisão domiciliar
Supremo autoriza progressão de regime e Dirceu é liberado para cumprir em casa o restante da pena imposta por corrupção no mensalão. Condenado a 7 ano... Foto: Paulo Whitaker/ReutersMais
Janeiro/2015 - JD sob suspeita
Surgem as primeiras denúncias sobre a ligação da consultoria de Dirceu, a JD Acessoria, com as empresas envolvidas na Lava Jato. A suspeita era que a ... Foto: Werther Santana/EstadãoMais
Maio/2015 - Apuração de pagamentos
A justiça apura o recebimento de R$ 29 milhões entre 2006 e 2013 da JD. Desse montante, R$ 8 milhões de empreiteiras acusadas operação por pagarem pro... Foto: Ana Nascimento/EFEMais
Junho/2015 - Delação premiada
Milton Pascowitch, da Jamp Engenheiros Associados, detalha em delação premiada o envolvimento com JD de Dirceu. Ele falou muito sobre Dirceu, passou m... Foto: Sergio Castro/EstadãoMais
Junho/2015 - Ricardo Pessoa, da UTC, revela pagamentos
Ricardo Pessoa, dono da UTC Engenharia, apresentou à Procuradoria-Geral da República um documento que descrevia três pagamentos, no total de R$ 3,2 mi... Foto: Marcos Bezerra/Futura PressMais
Júlio Camargo: 26 anos
A delação dolobista Júlio Camargodeu origem à denúncia contra deputado federal cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) por corrupção e lavagemde dinheiro. Em ... Foto: ReproduçãoMais
Julho/2015 - Depoimento de Pedro Barusco, ex-gerente da Petrobrás
Pedro Barusco depõe e reforça o envolvimento do ex-ministro da Casa Civíl. 'O nome dele (Dirceu) aparecia nas conversas. Agora, se ele efetivamente re... Foto: Ueslei Marcelino/ReutersMais
Julho/2015 - Habeas Corpus
Acuado pela Lava Jato, José Dirceu pede habeas preventivo. O pedido foi negado duas vezes pelo TRF da 4ª Região, e depois, pela 3ª vez, em caráter def... Foto: André Dusek/EstadãoMais
Agosto/2015 - Polícia Federal prende José Dirceu em Brasília
Condenado no mensalão, ex-ministro está sob investigação por suposto recebimento de propinas disfarçadas na forma de consultorias, por meio de sua emp... Foto: Dida Sampaio/EstadãoMais
Agosto/2015 - Dirceu foi instituidor do esquema Petrobrás, diz Lava Jato
Segundo o procurador Carlos Fernando dos Santos Lima, a investigação revela que o ex-ministro teve papel crucial na instalação do modelo que abriu cam... Foto: Dida Sampaio/EstadãoMais
Agosto/2015 - Polícia Federal prende José Dirceu em Brasília
A nova fase da Lava Jato foi batizada de Operação 'Pixuleco'. O termo era usado pelo tesoureiro do PT João Vaccari Neto para tratar do dinheiro, segun... Foto: Dida Sampaio/EstadãoMais
Agosto/2015 - Moro pede que Dirceu seja removido para Curitiba
O juiz federal Sérgio Moro pediu ao ministro Luis Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), a transferência do ex-ministro da Casa Civil (Go... Foto: Gil Ferreira/Agência BrasilMais
Agosto/2015 - Laudo comprova desvios e lavagem
Um laudo relaciona consultoria de Dirceu à propina na Petrobrás. Concluída há 10 dias, a perícia da Polícia Federal associa empresa de ex-ministro da ... Foto: Dida Sampaio/EstadãoMais
Agosto/2015 - A delação completa
Milton Pascowitch, lobista, fez longo relato sobre a rotina de propinas para ex-ministro do governo Lula.Confira aqui osdetalhes do depoimento. Foto: Dida Sampaio/Estadão
A 17ª fase da Lava Jato, batizada da Operação Pixuleco, apurou o uso de empresas de prestação de serviços da Petrobrás, uma empresa de engenharia e outro grupo empresarial que atua na área de software fora da estatal.
O procurador da República Carlos Fernando dos Santos Lima afirmou que há indícios de que Dirceu e Fernando Moura, suposto lobista do pT e também pela Pixuleco, foram os responsáveis por institucionalizar o esquema de indicações políticas para cobrança de porcentuais fixos de propina.
"José Dirceu aceitou esse esquema e beneficiou esse esquema durante a fase de ministro da Casa Civil", afirma Carlos Lima.
Agora, segundo o procurador, surgiram evidências de que grande parte dos pagamentos de propina efetuados pelos lobistas Milton Pascowitch e seu irmão José Adolfo - ambos delatores da Lava Jato -, teve origem em licitações e contratos no âmbito da Diretoria de Serviços.
O esquema era operacionalizado por meio da empresa Jamp Engenheiros Ltda., controlada pelos irmãos Pascowitch, sob a fachada de contratos de serviços de consultoria e assessoria. Mas também há evidências de pagamentos diretos, inclusive em espécie, por meio de terceiros e no exterior. Os pagamentos tinham origem em contratos da empreiteira Engevix com a Petrobrás, bem como das empresas Hope Serviços, Personal Service, Multitek Engenharia e Grupo Consit. Os principais destinatários das propinas eram o ex-diretor de Serviços da Petrobrás Renato Duque, preso na Operação 'Que País é esse?', José Dirceu, Fernando Moura e o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto, que está preso desde abril em Curitiba.
Para o Ministério Público Federal, Fernando Moura tem papel semelhante ao do ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto. "Ele tinha papel relevante na formação do governo, na indicação de nomes. Nesse momento temos claro que José Dirceu era aquele que tinha a responsabilidade de dividir os cargos na administração Luiz Inácio (Lula da Silva)", afirmou o procurador Carlos Fernando Lima.
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"(Dirceu) aceitou a indicação de (Renato) Duque (ex-diretor de Serviços) para essa diretoria", afirmou Lima.
Foi a partir da Diretoria de Serviços, que era cota do PT no esquema, que foi iniciado o trabalho de captação de empreiteiras do caso Petrobrás. Moura é empresário e muito ligado ao PT.