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Empreiteiro diz que propina virou 'rotina' na Petrobrás

Ricardo Pessoa, da UTC Engenharia, delator, afirmou a juiz da Lava Jato que pagou valores ilícitos a Renato Duque, ligado ao PT, e a Paulo Roberto Costa, ligado ao PP, em contratos da estatal; veja o vídeo

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Atualização:

Ricardo Pessoa, dono da UTC que virou delator da Lava Jato. Foto: Reprodução

Por Julia Affonso, Ricardo Brandt e Mateus Coutinho

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O dono da empreiteira UTC, Ricardo Pessoa, confessou em depoimento à Justiça Federal, nesta sexta-feira, 11, que pagou propina para o ex-diretor de Serviços da Petrobrás Renato Duque e ao ex-diretor de Abastecimento Paulo Roberto Costa - cotas do PT e do PP, respectivamente, no esquema de cartel e corrupção na estatal, que inclui também o PMDB, no comando da Diretoria Internacional.

O juiz questionou Pessoa se ele havia conversado com Duque uma vez ou mais de uma vez. "Conversei com o diretor Duque muitas vezes", respondeu o empresário. "Mas esses assuntos (propina) poucas vezes porque passou a ser uma coisa rotineira, automática."

Renato Duque está preso em Curitiba, base da Lava Jato. As audiências da 13ª Vara Criminal Federal, onde tramitam as ações sobre propinas na estatal, são filmadas. Os relatos das testemunhas e dos acusadossão gravados em áudio e vídeo. No depoimento do empreiteiro, porém, a câmera aponta para o teto - a pedido da defesa de Pessoa, o rosto do executivo não é mostrado a partir do momento em que ele começa a delatar.

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O empreiteiro foi ouvido pelo juiz federal Sérgio Moro - que conduz os processos da Operação Lava Jato, em Curitiba - em ação penal em que são réus o presidente da Andrade Gutierrez, Otávio Marques de Azevedo, e executivos do grupo.

"O senhor conversou diretamente com o senhor Renato Duque sobre propinas?" questionou o magistrado.

"Conversei e ele sempre me encaminhou para o senhor João Vaccari e Barusco", respondeu Ricardo Pessoa.

"Mas ele encaminhou para assunto de propina?", insistiu Moro. "Sim senhor", confirmou Pessoa.

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O empreiteiro fechou acordo de delação premiada com a Procuradoria Geral da República no âmbito dos processos que correm no Supremo Tribunal Federal (STF), envolvendo políticos com foro privilegiado.

"Por que pagava-se propinas para esses agentes da Petrobrás?, indagou o juiz.

"Pelo contrato, pagava-se propina para se obter o contrato, para se ter a continuidade dele, da maneira mais correta, mais clara, mais calma, mais sem dificuldades", respondeu o empreiteiro delator.

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Nesta sexta-feira, 11, os primeiros termos de delação de Ricardo Pessoa que não envolvem alvos com foro privilegiado tiveram o sigilo afastado pela Justiça Federal, em Curitiba.

O juiz quis saber se parcela dos valores de propinas para as diretorias de Serviços e Abastecimento era sempre destinada à parte política.

"Sempre, sempre", respondeu Pessoa.

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