Falta empatia no Brasil. A Universidade de Michigan realizou uma pesquisa em 63 países medindo a capacidade de empatia das pessoas. O resultado mostra o Brasil em 51º lugar neste ranking. Essa pesquisa remete à procura de entender o que isso pode significar no quadro de transmissão da Covid-19 em nosso país.
A inteligência emocional, pilar fundamental para a empatia, é versátil e pode ser fundamental em diversas vertentes, seja na política ou no cotidiano. Isso acontece devido ao fato de que a mudança de comportamento invariavelmente ocasiona uma mudança nos resultados.
Quando se fala de inteligência emocional, abordando os seus pilares internos e externos, em seu mais recente livro, "Inteligência Social", Daniel Goleman aprofunda muito dois pilares externos: consciência social e aptidão social.
A leitura em voz alta desses dois pilares já propõe o seguinte questionamento: será que a população, os gestores e todos os envolvidos estão conjugando de forma eficiente a inteligência social?
A empatia primordial, a precisão empática e a cognição social dizem respeito a entender, interpretar e compreender o mundo. Perceber como o próprio comportamento afeta diretamente a vida de outras pessoas.
Neste momento, em que o resultado que se pretende é a diminuição principalmente da disseminação do vírus, é necessário que todas as pessoas tenham em mente não apenas os próprios objetivos, mas igualmente entender como o comportamento delas vai afetar a vida de outros.
O uso da máscara, do álcool e o distanciamento social são hábitos que precisam ser adquiridos através da repetição dessas ações e motivados exclusivamente pela dor do próximo. Entender as preocupações, as esperanças e as necessidades alheias precisa fazer parte do resultado das ações de todos os cidadãos.
Os dois últimos espectros da cognição social são a influência e a preocupação. Influência é moldar os resultados das interações sociais. Já a preocupação significa importar-se com as necessidades alheias e agir de acordo.
O novo comportamento só será possível se o seu resultado for de alguma forma motivador, ou seja, se emocionar de alguma forma. A mudança comportamental nasce na emoção de novas conquistas. Afinal, o que é necessário é emocionar-se com o bem-estar do próximo. Assim, é possível vencer qualquer pandemia, com a ajuda da dose certa de uma boa vacina de empatia.
*Osmar Bria é especialista em Análise Comportamental, autor dos livros A Fórmula do Voto e Mulher, Emoção e Voto