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Em tempos de crise, governança corporativa pode garantir a sobrevivência do negócio

Por Luiz Marcatti
Atualização:
Luiz Marcatti. FOTO: DIVULGAÇÃO Foto: Estadão

A governança corporativa representa a alta administração das empresas, onde os sócios tomam as principais decisões, definem as diretrizes e objetivos estratégicos e controlam sua atividade e sua performance. Seu conjunto de práticas é constantemente associado ao desempenho, à performance diferenciada e ao valor que agregam às companhias.

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Mas exatamente por ser um ambiente onde os donos atuam no exercício de seu poder também nos momentos de crise, as estruturas e práticas da governança corporativa têm de mostrar seu valor, com atuação voltada para a sobrevivência da empresa, além de trabalhar para buscar alternativas que permitam à empresa, ao sair da crise, ter força suficiente para seguir em boas condições de competir nos seus mercados.

Empresas que não têm práticas formais de governança sempre dependerão das decisões de seus donos para implementar ações corretivas contra os problemas que a cercam. Muitas delas conseguem sair vivas, mas a centralização na cabeça de um dono, ou do grupo de sócios, aumenta os riscos que enfrentarão.

Podem existir alguns agravantes em empresas que não têm sua governança estruturada. Em um cenário de crise como o atual, é muito natural que a pressão sobre os donos seja potencializada, inclusive evidenciando a falta de alinhamento entre os sócios. Isso traz para os colaboradores uma sensação de nau sem rumo no meio de uma tempestade, cujos comandantes não conseguem definir claramente entre acelerar ou reduzir a velocidade, virar a bombordo ou estibordo.

Viver uma situação desarmônica como essa pode ser um bloqueio para que bons profissionais consigam contribuir com a busca de soluções, até por uma questão de autoproteção, já que poderiam invadir uma tensão societária, localizada acima da sua posição executiva.

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A vantagem que uma boa governança traz para as empresas inicia-se exatamente no alinhamento entre os sócios e nas regras formais de utilização de poder deliberativo, que nasce nesta relação, para posteriormente ser escalonada para a empresa nas políticas de alçadas dos demais níveis de liderança da empresa.

Além disso, a empresa pode contar com um ambiente colegiado, que agregue diferentes visões e expertises, ao instalar um Conselho de Administração, mesmo que em caráter consultivo, com a participação de conselheiros externos e independentes, com o intuito de enriquecer a análise e as deliberações que darão as direções e principais metas para os gestores e a operação.

No mundo da covid-19, uma estrutura de administração profissional e alinhada pode fazer toda a diferença na sobrevivência de uma empresa, pois já deve ter começado a avaliar riscos, impactos, possibilidades de soluções e caminhos para resistir a esse mal que transcende a saúde, bate de frente com a economia, com os ambientes empresariais e englobará toda a sociedade nos sintomas que uma crise sem precedentes trará.

Os sócios e os conselheiros devem estar totalmente voltados para discussões de sobrevivência, pois não há tema mais importante neste momento. Uma alternativa muito válida é a instalação de um comitê de crise, entre os conselheiros e as principais lideranças de todas as áreas da empresa, agilizando os processos de análise e deliberações de forma alinhada.

Qualquer outro projeto que não seja ligado a como sair da crise deve ser pausado, para posterior reavaliação, uma vez que, dependendo do que aconteça no mercado, esses projetos nem farão mais sentido de serem implementados.

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Os executivos também devem ser instados a atuar de forma espartana sobre o caixa da empresa e em uma gestão obsessiva de custos, para limpar qualquer ralo de desperdício de recursos.

A boa governança corporativa tem os requisitos necessários para trazer às empresas o equilíbrio do uso do poder e a tempestividade das decisões mais críticas que este momento nos exige.

*Luiz Marcatti é presidente da MESA Corporate Governance e membro de Conselhos de Administração

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