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Em Petrolina, médico afirma que vacina contra a covid-19 causa deficiência em pacientes; assista

Jânio Modesto, sócio de uma clínica de imagens no município a 700 quilômetros do Recife, já foi acusado pela Promotoria por infração sanitária e charlatanismo; ele gravou vídeo com uma paciente em cadeira de rodas. 'Manchas vermelhas, travou tudo'

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Por Jayanne Rodrigues
Atualização:

Em vídeo divulgado nas redes sociais, o médico Jânio Ângelo Modesto alegou que uma paciente desenvolveu problemas nas pernas por causa dos efeitos da vacina contra a covid-19. "Hoje ela está assim em uma cadeira de rodas e por conta da reação de uma vacina", diz. As imagens foram gravadas na segunda-feira, 14, na clínica de imagens em que o médico é sócio proprietário, em Petrolina, cidade a 700 quilômetros do Recife. 

Com a máscara no queixo, o médico se apresentou, mencionou a data do registro do vídeo e pediu para a mulher, identificada como Daniela, descrever os sintomas que surgiram no corpo. "Depois que eu tomei a vacina, eu comecei a sentir as pernas querendo endurecer'', contou a paciente. O médico a interrompeu e complementou o depoimento indicando outros sinais de "manchas vermelhas, travou tudo". Em seguida, ele perguntou: "antes era uma pessoal normal?". De imediato, ela respondeu concordando.

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No trecho final das imagens, ele insinua que a doença foi causada pela vacina e afirma que vai solucionar o problema "vamos resolver facinho". Este não foi o único vídeo divulgado pelo médico. Nesta semana, ele gravou com outros pacientes de diferentes faixas etárias sob o mesmo discurso antivacina. Jânio induz as pessoas a dizerem que os sintomas que a levaram a procurar a unidade médica tem como origem a vacina. Entre os relatos: tontura, dores no peito e no corpo, dormência, falta de ar, nervosismo e tremor.

DESINFORMAÇÃO SOBRE A COVID-19

No começo da pandemia, em maio de 2020, o médico foi acusado pelo Ministério Público de Pernambuco por infração de medida sanitária e charlatanismo. Na sentença, o órgão determinou uma multa no valor de R$ 50 mil caso alguma ordem estabelecida fosse descumprida. Entre as restrições, Jânio foi proibido de frequentar as dependências comuns do condomínio em que morava e impedido de ter contato com outras pessoas sem o devido uso de equipamentos de proteção.

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O MP também solicitou que o médico utilizasse tornozeleira eletrônica. Sobre este ponto, o juiz Frederico Ataíde Barbosa Damato recusou o pedido de prisão domiciliar. "Não vejo pertinência na decretação da prisão domiciliar, já que a decretação de cautelares diversas, e mais brandas, possuem igual eficácia", concluiu o magistrado.

Na época, Jânio divulgou e defendeu tratamentos para a covid-19 sem comprovação científica, a exemplo da hidroxicloroquina. "Desenvolvi um tratamento para meus pacientes, uma forma rápida e simples de tratar o paciente com coronavírus", disse em um dos vídeos gravados há quase dois anos. Ele chegou a ofertar consultas gratuitas para o atendimento específico, período em que o vírus já havia matado mais de 16 mil brasileiros. 

Além disso, em junho de 2020, sem autorização médica, ele foi embora de um hospital privado de Petrolina enquanto se recuperava de complicações da covid-19. O médico ficou 15 dias internado em uma UTI após contrair a doença. Ele chegou a publicar um vídeo justificando a fuga do local. 

COM A PALAVRA, O MÉDICO JÂNIO ÂNGELO MODESTO

A reportagem do Estadão entrou em contato com a clínica em que o médico é sócio proprietário, mas até a publicação deste texto não houve retorno. O espaço está aberto para manifestação (jayanne.rodrigues@estadao.com).

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