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Delegado diz que foi convidado por chefe da Abin de Bolsonaro para assumir a chefia da PF no Rio

Alexandre Saraiva, superintendente no Amazonas, foi o nome que o presidente Jair Bolsonaro tentou emplacar em agosto do ano passado após a saída do delegado Ricardo Saadi

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Por Fausto Macedo e Paulo Roberto Netto
Atualização:

O delegado Alexandre Saraiva, da superintendência da Polícia Federal no Amazonas, relatou em depoimento ter recebido convite do atual diretor da Abin, Alexandre Ramagem, para ocupar a chefia da PF no Rio de Janeiro. A proposta teria sido feita 'no início do segundo semestre' do ano passado, época em que o presidente Jair Bolsonaro tentou emplacar o seu nome para comandar a corporação fluminense.

Alexandre Ramagem foi indicado por Bolsonaro para a direção-geral da Polícia Federal, mas teve a nomeação suspensa por ordem do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal.

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De acordo com Saraiva, Ramagem, de quem é próximo, o telefonou para convidá-lo para ser superintendente no Rio de Janeiro, 'afirmando que o presidente da República tinha alguns nomes para sugerir ao ex-ministro Sérgio Moro para ocupar a função'.

O superintendente no Amazonas teria aceitado o convite, mas relatou a Ramagem que 'não acreditava que seu nome fosse efetivamente indicado para assumir a Superintendência do Rio'. O motivo seria o fato do então diretor-geral da PF, Maurício Valeixo, não ter indicado nenhum delegado ocupante da região da Amazônia Legal para uma posição de comando no litoral do País.

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O novo chefe da PF, Alexandre Ramagem, cumprimenta o presidente Jair Bolsonaro. Foto: Adriano Machado / Reuters

Após o telefonema, Saraiva relata que teve um encontro com o então ministro Sérgio Moro no aeroporto de Manaus, ocasião em que foi questionado por Moro da seguinte forma: 'Saraiva, que história é essa de você no Rio de Janeiro?'. O superintendente relatou o telefone de Ramagem, destacando as mesmas ressalvas feitas ao atual diretor da Abin sobre as chances de sua indicação ser efetivada.

À Polícia Federal, Saraiva afirma que Moro teve uma 'atitude extremamente correta e digna em relação à sua pessoa'. O então ministro, relata, finalizou a conversa dizendo que 'estava sabendo dos fatos' e que ele podia ficar tranquilo.

De acordo com Saraiva, a indicação ao seu nome para a PF no Rio teria encontrado resistência na administração do então diretor-geral Maurício Valeixo.

Ministério do Meio Ambiente. Saraiva também relatou à PF que foi sondado pelo presidente Bolsonaro para assumir o Ministério do Meio Ambiente durante a transição do governo, no final de 2018.

"Na conversa, o presidente deixou claro que estava sondando também outras pessoas para o cargo", relatou Saraiva. Segundo ele, a conversa durou duas horas e tratou de questões ambientais."

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Saraiva afirmou que a sondagem para assumir a superintendência do Rio, 'assim como os demais convites que lhe foram formulados ao longo da sua carreira, inclusive pelo presidente Bolsonaro e pelo ministro Moro', não se revestiam de 'nenhuma missão ou intenção pontual e específica de interesse' do governo. "Se assim fosse, prontamente rechaçaria", disse.

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Ao ser questionado se Ramagem lhe disse algo sobre a produtividade da superintendência no Rio de Janeiro, Saraiva negou, mas disse que 'todos sabiam que não é lá essas coisas', mesmo a corporação fluminense ter saltado da 24ª posição para a 4ª durante a gestão de Ricardo Saadi.

'Os índices de produtividade operacionais parciais não refletem a realidade operacional verdadeira de nenhuma das unidades da Federação"

Saraiva disse que, em seu entendimento, a frase do presidente 'Moro, você tem 27 superintendências, eu só quero uma' se tratava um prestígio à 'meritocracia da Polícia Federal' com a sua indicação, visto que ele é o superintendente mais longevo em atuação.

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