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Em delação, Riva diz que Silval Barbosa sugeriu usar secretarias comandadas pelo PP para repassar mensalinho a deputados

Ex-presidente da Assembleia Legislativa de Mato Grosso, hoje réu em ações criminais e por improbidade, afirma que ex-governador teria proposto alternativa para contornar 'questionamentos' em torno da suposta estratégia de suplementação orçamentária ao Legislativo estadual

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Por Rayssa Motta , Pepita Ortega e Fausto Macedo
Atualização:

O ex-presidente da Assembleia Legislativa de Mato Grosso, José Geraldo Riva, em delação gravada. Foto: Reprodução

No anexo 26 de sua delação premiada, o ex-presidente da Assembleia Legislativa de Mato GrossoJosé Geraldo Riva, réu em ações criminais e por improbidade, afirma que em 2014 o então governador Silval Barbosa (MDB/2010-2015) sugeriu usar secretarias estaduais comandadas pelo Partido Progressista (PP) como intermediárias no desvio de verbas do Poder Executivo para abastecer o suposto 'mensalão' aos deputados estaduais.

Segundo o relator, o suposto esquema de pagamentos de mesadas aos parlamentares se estendeu por mais de duas décadas, desde 1995, e ganhou 'nova sistemática' na gestão Blairo Maggi (PP/2003-2010). De acordo com Riva, em 2003, quando assumiu o Executivo de Mato Grosso, o ex-governador decidiu que a propina deveria ser empenhada como suplementação orçamentária da Assembleia Legislativa. Mas, conforme o relato, a estratégia chegou a 2014, já na gestão de Silval Barbosa, envolta em 'muitos questionamentos', o que teria provocado atrasos nas supostas propinas.

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Inicialmente, a alternativa sugerida para garantir a continuidade dos pagamentos teria vindo, segundo Riva, do próprio Barbosa e previa o repasse de verbas para secretarias do PP - partido do ex-deputado. A delação sustenta que o acerto para usar as pastas comandadas pela sigla não se concretizou porque, na época, eram secretarias com orçamento insuficiente para executar os valores supostamente movimentados no 'mensalão'.

"Eu recorro ao governador Silval para mais uma suplementação e ele diz o seguinte: 'vamos encontrar uma outra forma'. E aí ele me pede pra verificar onde tinha valores altos para pagar", disse Riva em depoimento por vídeo na delação. "Eu comecei a analisar com ele e dizer que as secretarias que o partido tinha eram secretarias de pouco orçamento, que não tinham condições de executar os valores que nós precisávamos".

De acordo com o delator, o suposto esquema recorreu então à empresa Allen Rio, que prestava serviços para o Centro de Processamento de Dados do Estado (Cepromat), para retornar uma fração do montante recebido. O total devolvido teria chegado a R$ 7,5 milhões. Segundo Riva, parte do montante foi distribuída aos deputados no mensalão e o restante foi desviado para sua campanha ao Palácio Paiaguás.

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"Quem fazia a devolução, a entrega em cheque ou mesmo em dinheiro, era o próprio Fernando [dono da Allen Rio], e me lembro que, em muitas ocasiões, o Fernando foi até a Assembleia, fez o cheque lá numa sala que nós tínhamos ao lado do Colégio de Líderes. Foi, entregou os valores lá mesmo na Assembleia ou lá no gabinete da primeira secretaria", sublinhou Riva. Segundo o ex-parlamentar, uma porção das remessas chegou em mochilas. 

COM A PALAVRA, O EX-GOVERNADOR SILVAL BARBOSAA reportagem entrou em contato com a defesa do ex-governador, que também fechou acordo de colaboração com a Justiça, e aguarda resposta.

COM A PALAVRA, O PP A reportagem busca contato com o diretório estadual do PP. O espaço está aberto para manifestções.

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