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Em clima de constrangimento com retorno de conselheiro investigado por corrupção, Dimas Ramalho toma posse como presidente do TCE-SP

Sessão solene foi a primeira com a presença de Robson Marinho, que após mais de sete anos afastado da Corte de Contas foi beneficiado por prescrição de acusações de corrupção e lavagem

Foto do author Rayssa Motta
Foto do author Fausto Macedo
Por Rayssa Motta e Fausto Macedo
Atualização:

Dimas Ramalho quer Tribunal de Contas como 'indutor de políticas públicas'. Foto: Divulgação/TCE-SP

O conselheiro Dimas Ramalho tomou posse nesta terça-feira, 1º, como presidente do Tribunal de Contas do Estado de São Paulo (TCE-SP) em cerimônia restrita em razão da pandemia. Em seu discurso, sinalizou que uma de suas prioridades será fiscalizar e cobrar dos órgãos públicos ações para o enfrentamento da pandemia. Também defendeu a vacinação infantil contra a covid-19.

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"Depois de dois anos, é evidente que existe uma fadiga de protocolos de distanciamento. Mas a cautela e o cuidado não podem ser abandonados. Seremos rígidos e intransigentes no combate ao coronavírus em nossa instituição e também na cobrança de ações por parte de nossos jurisdicionados. Agora, devemos nos esforçar para vacinar nossas crianças", afirmou aos pares.

A sessão solene foi a primeira com a presença do conselheiro Robson Marinho desde que ele reassumiu o cargo, após mais de sete anos afastado sob suspeita corrupção e lavagem de US$ 3 milhões. O dinheiro foi descoberto em uma conta secreta na Suíça. Ele foi beneficiado por uma decisão da Justiça Federal de São Paulo, que reconheceu a prescrição do caso em razão da idade e encerrou o processo. Nos bastidores, a volta gerou mal estar entre alguns conselheiros e auditores de Contas.

A cerimônia foi acompanhada virtualmente pelo governador de São Paulo, João Doria (PSDB); pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF); pelo deputado federal Fausto Pinato (PP-SP); pelo procurador-geral da Justica de São Paulo Mário Sarrubbo; pelo defensor público-geral do Estado Florisvaldo Fiorentino Júnior; pelo presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo Ricardo Anafe; e pelo presidente da Assembleia Legislativa do Estado Carlão Pignatari (PSDB).

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Robson Marinho. FOTO: EVELSON DE FREITAS/ESTADÃO Foto: Estadão

Em meio ao constrangimento de alguns colegas, a volta de Robson Marinho só foi lembrada na fala de Doria. O governador mandou um 'abraço especial' ao conselheiro. "Eu não tive ainda oportunidade de vê-lo ou abraçá-lo ao longo desses últimos três anos em que atuei como governador de São Paulo, mas deixo aqui uma saudação especial a ele", disse o tucano.

Doria precisou deixar a sessão antes do término para visitar as obras da Linha-6 Laranja do Metrô. Um desmoronamento nesta manhã fez ceder parte do asfalto da Marginal do Tietê.

"Que Deus nos proteja, sobretudo diante da intensidade dessas chuvas. Teremos intensas chuvas até o final do mês de março. Portanto, não apenas eu como governador, Rodrigo Garcia, como vice, as autoridades púnicas do Estado de São Paulo, prefeitas e prefeitos, teremos que ter uma enorme atenção para esse período", afirmou o governador.

O ministro Alexandre de Moraes, do STF, também fez um breve discurso. Prestes a assumir a presidência do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ele destacou a prerrogativa das Cortes de Contas, reforçado pela Lei da Ficha Limpa, de decretar a inelegibilidade dos agentes políticos em caso de reprovação das contas.

"A Constituição apostou nos Tribunais de Contas, fortaleceu a autonomia das Cortes de Contas, e elas responderam de maneira competente, de maneira eficaz, com eficiência na fiscalização, na orientação e, quando necessário, na punição do mau gasto dos recursos públicos", disse.

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Posse do novo presidente do TCE-SP foi restrita em razão do avanço da Ômicron. Foto: Reprodução

Pandemia. Em seu discurso de posse, Dimas Ramalho prestou homenagem aos profissionais da saúde e às vítimas da pandemia. Também repreendeu o negacionismo em torno da doença.

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"São pais, mães, filhos, avós, irmãos, amigos que nos foram roubados pela covid-19, Uma doença que surpreendeu a todos, principalmente quem a subestimou e quem a subestima", pontuou.

Sem citar o presidente Jair Bolsonaro (PL), mas em nítida alusão à conduta ao chefe do Executivo, o novo presidente do TCE-SP repreendeu as ameaças recentes ao sistema eleitoral e os ataques às instituições democráticas.

"O silêncio não é uma opção quando o País passa a conviver com ameaças diretas as eleições, ataques a Poderes constituídos, censura, agressividade com a imprensa, incitação à violência, apologia à tortura, omissão deliberada no combate à pandemia, desprezo pelo meio ambiente, entre outros incontáveis erros. Não podemos aceitar isso. Temos que combater democraticamente. A Constituição da República foi porto-seguro em todas as crises que testemunhamos. Em 30 anos, vimos alternância de poder entre blocos políticos adversários e o único caminho considerado sempre seguro foi a democracia", pregou.

Ramalho ainda sinalizou que pretende conduzir o Tribunal de Contas do Estado de São Paulo como um 'indutor de políticas públicas'.

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"A resolução dos grandes problemas sociais é missão do Poder Público", defendeu. "Quem recebe dinheiro público tem que dar exemplo e respostas."

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