Apontada como suposta 'gerente de propinas' descobertas pela Operação Pés de Barro, a ex-secretária parlamentar Evani Ramalho foi filmada e fotografada pela Polícia Federal recebendo montantes que teriam como destinatário o deputado Wilson Santiago (PTB/PB) e o prefeito de Uiraúna João Bosco Nonato Fernandes (PSDB). Em uma dessas entregas, realizada em 8 novembro de 2018, no estacionamento de um supermercado de João Pessoa, Evani recebeu R$ 50 mil em espécie para repasse a João Bosco.
O áudio do encontro foi gravado pelo delator da 'Pés de Barro', o empresário George Ramalho - ligado a Coenco Construções, empresa responsável pela construção da Adutora Capivara, alvo de desvios do grupo investigado.
A representação da PF indica que no diálogo a secretária parlamentar admite que as duas parcelas repassadas no dia anterior, totalizando R$ 100 mil, teriam como destinatário final o deputado Wilson Santiago, e que o valor repassado naquele momento, R$ 50 mil, seriam referentes ao prefeito de Uiraúna.
Quatros dias depois, no mesmo local, Evani recebeu R$ 50 mil para repasse ao deputado Wilson Santiago. Nas imagens, o empresário George Ramalho entra no carro da ex-secretária parlamentar para entregar uma sacola contendo o dinheiro da propina e, posteriormente, deixa o veículo - aqui já sem a bolsa.
Em seguida, policiais federais acompanharam o veículo de Evani Ramalho, que seguiu diretamente para a sede estadual do PTB na Paraíba. Segundo a PF, o local era utilizado pelo grupo para 'reuniões e para entrega de proprina'.
Dois dias após a segunda entrega, Evani recebeu mais R$ 50 mil supostamente em nome de Wilson Santiago, na garagem do Edifício Holanda's Prime. O local foi utilizado uma segunda vez pela ex-secretária parlamentar, para recebimento de mais R$ 50 mil, no dia 22 de novembro, afirma a PF.
COM A PALAVRA, O ADVOGADO LUIS HENRIQUE MACHADO
"Trata-se de um delator que ganhou notoriedade na Paraíba por delatar terceiros para não ser preso. Em nenhum momento o delator apresentou provas de que o Deputado Wilson Santiago teria recebido dinheiro ilícito. Tampouco a Polícia Federal apresentou provas que incriminasse o deputado. A ação controlada, as intercepções telefônicas, telemáticas e ambientais não dizem nada a respeito do deputado, somente ilações e conjecturas. Em momento processual oportuno, a defesa apresentará também as suas provas restabelecendo a verdade real dos fatos".
Luis Henrique Machado Advogado do Dep. Wilson Santiago