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Em 2021, agenda positiva brasileira passa pelo leilão de 5G

Por Vítor Cavalcanti
Atualização:
Vitor Cavalcanti. FOTO: DIVULGAÇÃO Foto: Estadão

No susto, a pandemia de COVID-19 fez com que as empresas brasileiras finalmente encarassem de frente um desafio que era protelado. A transformação digital era um conceito almejado e presente em 10 entre 10 planejamentos estratégicos, mas sempre com o olhar de longo prazo. Na prática, poucas corporações mantinham programas estruturados. Neste ano, a necessidade fez com que as empresas brasileiras vivessem cinco anos em cinco meses. Para as que 'empurravam com a barriga', foi tudo sem planejar e, talvez, sem poder, mas foi uma necessidade imposta pelo mercado, por conta dessa que é a maior crise da nossa geração.

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Ou seja, as condições impostas durante a pandemia fizeram com que as empresas tivessem que automatizar ao máximo os processos e rotinas que, antes, exigiam a presença física. Partindo desse cenário, elas ainda se depararam com outro enorme desafio em seguida: a necessidade de capacitação dos colaboradores para atender ao processo acelerado de transformação digital.

Hoje as empresas colhem os primeiros frutos dessa transformação acelerada, até porque pouca coisa mudou desde o início da pandemia no Brasil. Ademais, esse período deve provocar uma profunda transformação no formato das relações sociais e de trabalho e todas essas mudanças já são um legado. Além da desmistificação da tecnologia, por si só, a transformação digital permite a adoção de novos modelos de negócios ou fontes de receitas. Em tempos de crise, se transformar mais do que nunca é se reinventar.

Ou seja, longe de ser pelas vias ideais, muito pelo contrário, mas as empresas brasileiras finalmente estão dando seus primeiros passos ladeira acima em competitividade tecnológica. Essa mudança deve impactar positivamente na melhoria da ainda tímida 51ª posição no ranking de Competitividade Mundial do International Institute for Management Development (IMD), divulgado no Brasil pela Fundação Dom Cabral, em parceria com o Movimento Brasil Digital, união de 27 empresas que buscam construir propostas que tragam tecnologia e inovação para o centro da estratégia do País. Melhoramos seis posições em 2020, mas temos muito potencial para estar na parte de cima da tabela.

5G: certame sem atrasos

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O fator que pode turbinar a aceleração desse processo de ganho de competitividade tecnológica, trazendo desenvolvimento econômico para o país nos próximos anos é a implantação do 5G no Brasil. Em outubro, o MBD divulgou um estudo que encomendamos à IDC, que aponta para investimentos de US$24 bilhões até 2024 em negócios B2B. Mais do que em cifras, esse número também pode ser lido como a geração de mais de 200 mil empregos diretos.

Mas para que essas previsões se concretizem, é muito importante que 2021 seja um ano em que os esforços sejam otimizados em prol do cumprimento da agenda da implantação do 5G. Do lado do poder público, é fundamental que o leilão de frequências aconteça ainda no primeiro semestre de 2021, sem atrasos. O Movimento Brasil Digital defende que o Governo Federal discuta todos os assuntos relativos à realização do certame no âmbito do Ministério das Telecomunicações, priorizando o modelo de metas de acesso e investimentos, em detrimento do leilão arrecadatório.

O estudo do IDC aponta que o 5G trará o desenvolvimento do mercado de novas tecnologias no Brasil, entre elas destacam-se IoT (internet das coisas), Public Cloud Services, Big Data & Analytics e Security, especialmente a partir de 2022, com taxa de crescimento anual composta (CAGR) deverá ser de 179% no período. Por isso urge a realização do leilão de frequências. Essas novas tecnologias trarão avanços para diversos setores inseridos dentro do conceito de indústria 4.0, dentre os quais algumas das principais forças motrizes do Produto Interno Bruto (PIB), como agribusiness, energia, mineração, indústria automotiva e até em saúde ou mesmo no poder público.

Digitalização humanizada

Parte desse desafio pertence às empresas. A digitalização acelerada deve ganhar contornos ainda mais ágeis e sofisticados com a chegada da rede 5G. Com isso, qualificar e requalificar profissionais será um imperativo para todas as empresas. Sabemos que muitas companhias de tecnologias já fazem forte uso dessa prática, mas nossa recomendação é para que empresas de todos os setores da economia se atentem para essa questão. Além do autobenefício de contar com pessoas prontas para os desafios, trata-se de uma ação de responsabilidade com cada colaborador impactado pelo processo de digitalização.

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Mas o poder público tem sua responsabilidade. Recomendamos ao governo federal e aos governos estaduais o investimento em cursos técnicos e tecnólogos de base tecnológica, além de frentes como meio ambiente, inovação e criatividade, que, juntos com tecnologia, compõem o leque de oportunidades para o futuro.

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Para ajudar nessa missão, o MBD lançou recentemente o programa Eu Capacito, uma plataforma de cursos gratuitos, com a ambiciosa meta de capacitar 1 milhão de pessoas em habilidades digitais. É a nossa parcela de contribuição para tentar pôr fim a um triste contrassenso. Em um país com 14 milhões de desempregados, é um contrassenso pensar que com uma demanda anual de 70 mil vagas em TI, 25 mil não são preenchidas por falta de qualificação, ou seja, uma em cada três vagas, segundo dados da Associação Brasileira das Empresas de Tecnologia da Informação (Brasscom). Isso tem que acabar. E 2021 está aí para o Brasil mostrar que finalmente recuperou o tempo perdido e pode virar esse jogo.

*Vitor Cavalcanti é diretor-executivo do Movimento Brasil Digital

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