No Brasil, cerca de 10% das etnias indígenas ainda praticam o "sacríficio" de crianças indígenas que tenham anomalia físca ou mental, sejam gêmeos (só um sobrevive) ou filhos de mães solteira. As razões são culturais e fundam-se em tradições seculares que entendem que essas crianças não são viáveis e representam uma sobrecarga para o grupo.
Assistindo a vídeos e ouvindo relatos de indigenas sobre estas práticas, percebe-se que um momento de profundo sofrimento para toda a comunidade, especialmente, a família, porém é de tal forma arraigado na cultura deles que ainda é praticado.
Não adianta criminalizar ou tentar impor os nossos conceitos, a herança cultural e sua evolução são questões altamente complexas.
Porém, não podemos assistir impassíveis tais práticas...
Por vezes, os pais não concordam em sacrificar o próprio filho e todos tem que abandonar a comunidade...
Existem Instituições que acolhem essas pessoas mas são iniciativas pontuais e isoladas.
Saíamos da indignação e adotemos medidas objetivas e pragmáticas para salvar essas crianças.
Vários jovens caciques do Xingú já se manifestaram contra esta prática e a minha impressão é a sequência destes acolhimentos, esta clara opção pela vida deflagre - com o tempo (lembre a mudança é cultural) a consciência, a percepção de que a Vida é um Presente e precisamos dizer Presente a VIDA...
Nossa opção é pela Vida...
Mais do que a indignAção, AÇÃo.
Na foto:
A menina chama-se Iganani Suruwahá (Comunidade fica no Amazonas).
Ela sofre de paralisia cerebral e foi abandonada na Floresta.
A Mãe biológica não aguentou a dor e resgatou a menina e por isso teve que abandonar a comunidade.
Um detalhe que até me emociona: ela está apertando a minha mão... (observem na foto)
O menino chama-se Amalé Kamaiurá (Comunidade fica no Mato Grosso - Parque Nacional do Xingú).
Ele é filho de mãe solteira.
Ficou duas horas, soterrado, quando uma indígena (que passou a ser a sua mãe adotiva) o resgatou e se dispos a criá-lo mesmo com a implicação de ser afastada do convívio da sua comunidade.
*José Barroso Filho é ministro do Superior Tribunal Militar e conselheiro do Conselho Nacional de Educação