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Efeito dominó do novo coronavírus na população: pandemia, transtornos mentais e economia

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Por Paulo Vaz
Atualização:
Paulo Vaz. FOTO: DIVULGAÇÃO Foto: Estadão

O que inicialmente foi denominado como "distanciamento social", virou isolamento. De um dia para o outro, as pessoas tiveram a rotina alterada abruptamente. É certo que o mundo não será mais o mesmo após essa pandemia, e teremos que nos adaptar ao novo mundo que se estabelecerá.

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Como um efeito dominó, uma coisa leva a outra. Pensando assim, podemos constatar três pandemias. Primeiro, o novo coronavírus que já se instalou; em segundo, os transtornos mentais que estão em franca aceleração; e por último, a crise econômica que já se aproxima.

A longo prazo, será possível observar o crescimento dos diagnósticos de doenças em estágios mais avançados, principalmente em função da interrupção dos procedimentos que possibilitam a identificação precoce das mesmas. Além disso, esse gap diagnóstico também provocará um estrangulamento na capacidade instalada para outros tratamentos, como por exemplo, do câncer e cirurgias eletivas que foram prorrogadas.

Processo de adaptação

No final do século, o e-mail começou a fazer parte do cotidiano das empresas, obrigando o investimento e preparo dos times para a comunicação escrita. O que hoje parece absurdo, gerou uma grande mudança na interação entre os colegas de trabalho, demorando meses para se estabilizar.

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O evento que estamos vivenciando, não fica muito distante dessa percepção. Com a chegada da covid-19, inúmeras empresas adotaram o home office. Os recursos foram adaptados repentinamente, e passamos a fazer vídeo conferências o tempo todo e de casa.

Nesse momento, a tecnologia faz o papel conector entre os seres humanos, aliviando os sentimentos de solidão, tédio e até mesmo de depressão. Já conheço casos de jantares entre casais por web meeting, e eu mesmo participei de uma "happy web hour" com amigos de longa data. É hora de colocar a criatividade em jogo, pois toda situação é, de fato, reflexo de como lidamos com ela.

Os filhos, netos e jovens próximos devem se preocupar com a população idosa, que passou a juventude cuidando de alguém. Tenho visto exemplos magníficos de solidariedade, como meu professor de pilates que passou a dar aulas por vídeo conferência para os alunos, onde muitos deles são idosos. Outras ações comunitárias, como pessoas fazendo compras para o vizinho, poderão passar a fazer parte de um novo cotidiano pós-crise.

Impactos e consequências

Seguramente, a situação é mais difícil para indivíduos que já vinham sofrendo por dificuldades de adaptação. Nesse caso a recomendação é: não interrompa o tratamento, continue fazendo uso dos remédios, e peça ajuda às pessoas próximas e aos médicos - que estão acessíveis através da telemedicina.

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Outro fator é a questão do desemprego. Ter um emprego vai muito além de um crachá, é ser socialmente adequado e estar economicamente ativo. Essa necessidade não é apenas para suprir as próprias demandas, mas se estende à vários membros da família. Essa situação angustiante pode se tornar um gatilho para a depressão e outros transtornos mentais.

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Podendo ser comparado com períodos pós-Guerras Mundiais, o impacto na economia será profundo, e os consumidores, empresas e a sociedade de modo geral, terá que se reorganizar. A boa notícia é que nos períodos pós-guerras, o mundo estava dividido em, pelo menos, dois lados, e agora o mundo está unido contra um inimigo comum.

O vírus é democrático, e as dificuldades que estamos enfrentando também. Neste momento, existe um drama comum que tem que servir para união de cada núcleo de convívio. Começa na família, segue pela comunidade, bairro, cidade, estado, nação e tem que envolver o planeta. Foi justamente nos momentos de crises que a humanidade deu seus maiores saltos tecnológicos. Que neste século o salto seja humanitário!

*Paulo Vaz, CEO da Heads In Health e da eCare Group

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