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Eduardo Bolsonaro presta depoimento de seis horas no inquérito dos atos antidemocráticos

Deputado federal foi ouvido como testemunha em seu gabinete, em Brasília, pela delegada Denisse Dias Ribeiro, responsável pela investigação

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Foto do author Fausto Macedo
Por Breno Pires , Rayssa Motta , Pepita Ortega , Fausto Macedo e Paulo Roberto Netto
Atualização:

O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) prestou depoimento à Polícia Federal nesta terça, 22, no inquérito que apura o financiamento e organização de atos antidemocráticos. A oitiva durou seis horas e trinta minutos e foi realizada no gabinete do filho do presidente, em Brasília, pela delegada Denisse Dias Ribeiro, responsável pela investigação.

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Segundo o Estadão apurou, o deputado foi questionado sobre relações com investigados no inquérito, como o blogueiro Allan dos Santos, se participou ou organizou manifestações em defesa de intervenção militar ou fechamento do Congresso e do STF e recebe pagamentos por monetização de publicação de conteúdo em redes sociais.

Eduardo Bolsonaro foi intimado na condição de testemunha, e é o segundo filho do presidente a prestar depoimento no inquérito. A investigação mira a suposta existência de organização voltada para o financiamento e organização de atos antidemocráticos que pedem o fechamento do Congresso e do Supremo Tribunal Federal e a instauração de um regime militar.

As tratativas entre Eduardo Bolsonaro e a PF para o agendamento da oitiva duraram quase duas semanas até a delegada Denisse encaminhar ofício agendando o depoimento unilateralmente 'considerando que quedaram frustradas as tentativas de agendamento de data, hora e local' para o depoimento com a defesa. A advogada Karina Kufa, que representa o deputado, alegou que 'foram mantidos contatos telefônicos frequentes com a delegacia até acertar uma data que fosse viável'.

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O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), em Brasília. Foto: Gabriela Biló/Estadão

O nome de Eduardo foi mencionado na oitiva do pastor RR Soares, que disse à PF ter sido procurado pelo filho do presidente no primeiro semestre deste ano para tratar do aluguel de uma rádio em São Paulo. Segundo o líder religioso, o deputado pediu ajuda para encontrar uma rádio disponível para locação e disse que o interessado era um 'amigo', sem revelar detalhes ou sua identidade.

O pastor contou ainda que procurou pessoas do ramo para levantar valores e rádios disponíveis no mercado, mas que os executivos não demonstraram interesse no negócio. Um deles chegou a informar faturamento mensal de R$1 milhão, preço considerado inacessível por Eduardo, segundo o depoimento.

"Eduardo Bolsonaro disse que só tinha interesse na locação de uma rádio e não tinha esse valor para negociar a locação", disse o pastor.

Em outro depoimento, o youtuber Adilson Nelseu Dini, do canal Ravox Brasil, afirmou que Eduardo participava de 'encontros' na residência de Allan dos Santos, um dos investigados no inquérito. Segundo oitivas obtidas pelo Estadão, o blogueiro mantinha um grupo no WhatsApp com deputados bolsonaristas e teria trocado mensagens com um assessor do presidente sugerindo a 'necessidade de uma intervenção militar'.

"Os encontros, muitas vezes de confraternização, envolvendo amigos e pessoas que comungam a ideia de apoiamento ao presidente Jair Bolsonaro, que já ocorreram na casa de Allan, situada no Lago Sul em Brasília, onde algumas vezes participou Eduardo Bolsonaro, não é conhecido, e nem pode ser chamado, de 'Gabinete do Ódio'", afirmou Dini à PF, em junho deste ano.

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