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Durante a pandemia, a aventura dos empreendedores da periferia

Por Silvia Caironi
Atualização:
Silvia Caironi. FOTO: ARQUIVO PESSOAL Foto: Estadão

O Brasil tem hoje 14,8 milhões de desempregados, além de 33,3 milhões de trabalhadores subutilizados, dados recordes da série histórica do IBGE. A pandemia de coronavírus, que influenciou diretamente este cenário, também colaborou para o crescimento de microempreendedores individuais, os MEIs, categoria que ultrapassou 2 milhões de registros em 2020. Um terço das formalizações, segundo o Sebrae, é de pessoas que passaram a empreender por necessidade. Com 125 milhões de brasileiros sofrendo com insegurança alimentar durante a pandemia, abrir um negócio se tornou uma alternativa.

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Assim, torna-se ainda mais evidente a insuficiência de uma educação financeira e empreendedora, já restrita, sobretudo em relação à periferia. E, sendo o empreendedorismo um caminho mais imprevisível do que um contrato CLT, é necessário empenho para não se tornar um dos 625 mil MEIs fechados em 2020. Partindo desta realidade, a Associação Aventura de Construir visa gerar protagonismo de empreendedores periféricos, acreditando que as pessoas são o centro de tudo e apostando na formação humana integral. Através de capacitações, assessorias e acompanhamento destes empreendedores, trabalhamos para promover o desenvolvimento destes indivíduos, famílias e territórios. Essas ações são medidas com nosso sistema de avaliação de impacto socioambiental.

De fora dos centros, sejam geográficos ou sociais, surge um potencial criativo, inovador e preocupado com impacto social e sustentabilidade, que só precisa do direcionamento adequado. Ao visitar estes empreendedores, em diferentes regiões de São Paulo e do Brasil, vemos a sua resiliência e vivacidade, mesmo em um dos momentos mais difíceis e desiguais do país. Muitos deles estão crescendo e ampliando seus negócios, a partir de transformações pessoais. Essa é a história da Edilsa, dona de um bar que virou restaurante em Sol Nascente, periferia na zona oeste de São Paulo. Assessorada pela AdC desde 2013, ela pode ver, graças ao seu negócio, as duas filhas formadas na universidade e uma delas já casada.  É também a história da Sabrina, pedagoga e dona de um mini mercado, que ministra aulas particulares a baixo custo para crianças periféricas com defasagem escolar. É também a história da Adriana, mãe do Arthur, que criou uma editora para publicar os livros escritos e ilustrados pelo filho autista.

Assim como um navio precisa de sua tripulação, a aventura que é empreender não se faz sozinha. Se a nossa instituição presta orientação aos negócios periféricos, o desenvolvimento territorial se dá, de fato, pelas próprias pessoas. A rede de empreendedores que desenvolvemos aquece a economia local e promove, inclusive, amparo a quem precisa, como na distribuição de 500 vale-alimentos no ano passado. A periferia, com empreendedores fortes e com sucesso, cresce como um todo. Com o conhecimento necessário para propiciar a sustentabilidade financeira de seus negócios, com responsabilidade social e com o ânimo necessário para crescer é possível desenvolver essas regiões. Passo a passo, podemos enfrentar a desigualdade e reconstruir a economia do país. E essa jornada começa na periferia. De fora para dentro.

*Silvia Caironi, coordenadora-geral da Associação Aventura de Construir

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