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Distante, mas não ausente

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Por Luís Cláudio Dallier Saldanha
Atualização:
Luís Cláudio Dallier Saldanha. FOTO: DIVULGAÇÃO Foto: Estadão

Distante, mas não ausente. Presente, mas distante. Isso já fez sentido para você em alguma situação?

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É desconfortável perceber que a pessoa à nossa frente está com o pensamento e o interesse muito distantes.

Por outro lado, nos sentimos tocados quando o tom da voz de quem fala conosco ao telefone ou a expressão corporal daquele que interage conosco numa videoconferência demonstra atenção e envolvimento. Heidegger, importante filósofo alemão do século 20, nos lembra que 'um grande afastamento ainda não é distância'.

É possível estar presente numa reunião que acontece na forma de teleconferência, com participantes em diferentes lugares, assim como se pode estar ausente numa roda de conversa, ouvindo, mas não escutando de forma interessada o que o outro fala.

As tecnologias digitais redimensionaram a distância, a presença e a ausência. Isto é verdade inclusive na educação, dentro e fora da sala de aula.

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É bom adiantar que não há educação sem algum tipo de presencialidade. A rigor, ninguém aprende sozinho, numa absoluta ausência do outro.

Diante de um livro ou de um conteúdo na Internet, o estudante se encontra na presença do outro, ainda que esta presença esteja virtualizada no texto impresso ou numa mídia digital.

Quem aprende ou faz a mediação do aprendizado precisa estar presente de alguma forma. Sem a presença dos sujeitos do processo ensino-aprendizado, não há formação de fato.

Mas é preciso estar atento ao tipo e à qualidade da presença dos que participam das experiências de aprendizado on-line ou virtual.

O quanto as mídias digitais promovem a abertura ao outro? De que modo professores e alunos se apropriam da tecnologia na construção colaborativa do conhecimento?

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Como a dispersão ou o não engajamento do aluno nos ambientes virtuais de aprendizagem são desafiados pelas metodologias ativas e por recursos que facilitam a interatividade?

Possíveis respostas a essas questões podem oferecer pistas para qualificar a presença no processo educacional em meios digitais.

Por fim, cabe advertir que a presença da tecnologia digital na educação, por si mesma, não garante presença com qualidade. Estaremos no reino da ausência toda vez que reduzirmos a educação à mera instrução programada ou tratarmos o aprendizado apenas como consumo de informação e comportamento de um mero usuário numa plataforma digital.

*Luís Cláudio Dallier Saldanha é Doutor em Educação, diretor de Serviços Pedagógicos e diretor de Ensino do Grupo Estácio

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